Testemunhas da presença e do amor de Deus

Mensagem do presidente da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios para o Dia do Consagrado Na mensagem dirigida, em 22 de Maio de 2006, aos Superiores Gerais dos Institutos de Vida Consagrada e das Sociedades de Vida Apostólica, o Santo Padre Bento XVI dizia que “os consagrados e as consagradas têm a tarefa de ser testemunhas da presença transfiguradora de Deus no mundo”. O mundo necessita deste testemunho e a sociedade do nosso tempo procura sinais credíveis, ousados e luminosos do Evangelho. Pertence a todos os baptizados dar este testemunho e revelar os sinais desta presença de Deus. Eles tornam-se, porém, mais visíveis e explícitos, mais generosos e radicais, mais apelativos e transformadores no rosto e na vida, na vocação e na missão dos consagrados e consagradas. Num reino de mediocridade e de vazio, num tempo de recusas fáceis e frequentes da verdade e da exigência e numa sociedade a braços com a falta de compromissos estáveis e de fidelidades fecundas, o seguimento de Cristo na vida consagrada abre caminhos felizes de radicalidade evangélica, de renúncia e de desapego, de liberdade e de encanto, de coragem e de dom. Pertencer a Deus e ser totalmente de Cristo não é uma fuga ao mundo ou uma ruptura com o humano. É sim uma autêntica profissão de fé n’Aquele “que se tornou para nós sabedoria por obra de Deus, bem como justiça, santificação e redenção” (1Cor. 1, 30). Deixemo-nos modelar por Ele que é Vida por nós entregue e Sangue por nós derramado. É a partir de uma vida consagrada a Deus e alimentada pela oração, pela Palavra e pelos sacramentos, que os consagrados assumem no mundo uma verdade de entrega e uma autenticidade de doação, únicas, inquestionáveis e imprescindíveis. A Igreja sustentada em Cristo, pedra angular, e animada pelo Espírito do Pentecostes não se cansa de agradecer ao Pai o dom, a graça e a bênção que para si e para o mundo constituem os consagrados e as consagradas. É com este mesmo espírito e com iguais sentimentos que a Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios, a CIRP e a FNIS convidam a Igreja em Portugal a celebrar, na gratidão, na alegria e na esperança, o próximo Dia do Consagrado. Conscientes de que a vida consagrada é uma vocação em Igreja, cumpre-nos oferecer às famílias, às comunidades e particularmente aos jovens, ocasiões para rezar e para reflectir, para descobrir a beleza e encontrar o sentido desta vocação, para acolher a voz de Deus que chama, ouvir os clamores do povo a evangelizar e estender as nossas mãos às mãos vazias dos pobres e dos excluídos, que não podem esperar mais. Se rezarmos com fervor e se estivermos atentos ao bem realizado pela Igreja no mundo, ao testemunho evangélico semeado ao longo dos séculos e às necessidades e urgências da sociedade contemporânea, facilmente nos apercebemos que nas cores de beleza e de bondade de tantas formas manifestadas e por tantas comunidades repartidas estão, em permanência, os tons da vida serena e fecunda dos contemplativos, da ousadia profética da vida consagrada activa e da doação evangelizadora dos consagrados no meio do mundo. A radicalidade da entrega ensina-nos que mais do que contabilizar o que se dá ou avaliar o que se faz, importa dar tudo dando-nos a nós mesmos. Estou certo de que a vocação à vida consagrada continuará a florescer em Portugal, não tanto pela abundância dos números mas pela autenticidade da resposta ao chamamento de Jesus, o Mestre, pela verdade dos compromissos evangélicos assumidos e pela riqueza dos carismas, recebidos e multiplicados. A exemplo de Maria, a Mãe de Jesus, ao apresentar e consagrar o Seu Filho no Templo do Senhor, também os consagrados e consagradas renovam a esperança deste mundo envelhecido e tantas vezes cansado de esperar e anunciam tempos novos, com “novos céus e novas terras” (Ap. 21,1). D. António Francisco dos Santos, Bispo de Aveiro Presidente da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios

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