D. António Vitalino pede intervenção de «diálogo» a governos, instituições internacionais e sociedade civil
Beja, 17 nov 2015 (Ecclesia) – O bispo de Beja defendeu que os recentes atentados terroristas em Paris exigem, para além da oração dos crentes, que os governos e instituições internacionais que se sentem à “mesa do diálogo”, destacando a importância da educação.
“A educação na família, na escola, nas comunidades religiosas deve ajudar a construir a paz”, assinala D. António Vitalino, na sua nota semanal, enviada à Agência ECCLESIA.
Para além de incentivar os cristãos à oração, o prelado pede aos governos e instituições internacionais para intervir, “sentando à mesa do diálogo os representantes das fações em litígio e buscando soluções pacíficas, compromissos possíveis, no respeito pelas diferenças culturais e religiosas”.
O bispo de Beja observa também que nesta situações as organizações da sociedade civil podem “conseguir melhores resultados” que os governos uma vez que estes estão “muito identificados com os seus interesses económicos e políticos”.
Neste contexto, exemplifica com o Quarteto para o Diálogo Nacional na Tunísia, distinguido este ano com o prémio Nobel da Paz, que conseguiu “transformar a primavera árabe na Tunísia numa oportunidade para uma democracia pluralista”.
D. António Vitalino observa que a evolução da humanidade é lenta mas o recurso à guerra, à violência, “é um retrocesso”.
Na reflexão semanal, o membro da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, escreve também sobre “acolhimento e rejeição” dos refugiados e constata que nas redes sociais tomam-se “posições contraditórias”.
“Uns criticam a Europa por fechar as portas a quem foge à fome e à guerra, outros afirmam que é preciso ter cuidado, pois no seu meio há muitos terroristas muçulmanos infiltrados, cuja intenção é islamizar a Europa, acabar com os seus valores humanos e cristãos da liberdade, igualdade, fraternidade”, desenvolve.
D. António Vitalino alerta para a facilidade com que se generaliza, por exemplo, que “todos os refugiados são muçulmanos e estes fundamentalistas e terroristas”.
“Dói-me e parte-se-me o coração ao ler estas afirmações nas redes sociais e, por vezes, vindas de pessoas com responsabilidades sociais, politicas e até eclesiais”, observa, acrescentando que se estas pessoas deviam fazer a experiência de “caminhar” com os refugiados”, “sentir os seus sofrimentos”.
O bispo de Beja reconhece que é preciso “ser prudente” mas como “pessoas e muito mais como cristãos” nunca se devemos pagar o mal com o mal”.
“Faz aos outros o que gostarias que te fizessem a ti”, incentiva D. António Vitalino.
CB/OC