«Terras sem Sombra»: Diretor-geral pretende descongelamento de subsídios

José António Falcão apresenta música como porta para a biodiversidade, os monumentos e produtos regionais

Lisboa, 04 mar 2015 (Ecclesia) – O diretor-geral do Festival Terras Sem Sombra pediu hoje que o financiamento da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo “possa regressar à normalidade”, para que o evento se processe com a “máxima eficiência”.

“Uma candidatura aprovada e dispondo do devido plafond, no âmbito do QREN – Quadro de Referência Estratégica Nacional, junto da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo está congelada há dois anos e é fundamental que ela possa regressar à normalidade para que este trabalho se processe com a máxima eficiência”, explicou José António Falcão à Agência ECCLESIA.

O historiador destacou que o evento tem uma “ligação forte” à conservação da biodiversidade, à valorização dos monumentos e sobretudo à produção dos produtos regionais e é neste ponto que se encontra a “maior dificuldade”, pela falta dos subsídios congelados na edição de 2014.

Neste contexto, o interlocutor frisa que o festival nasce “sobretudo no seio da sociedade civil” e “vive” dos seus apoios com a colaboração de um grupo de voluntários, sendo “apenas” a direção artística “remunerada”.

Os próprios artistas quando se deslocam ao Alentejo “aceitam” fazê-lo em “condições muito especiais”.

‘Diálogos musicais do sul da Europa (séculos X-XXI)’ é o tema da 11ª edição que começa na Igreja de Santo Ildefonso, em Almodôvar, a 14 de março, e termina com a entrega do Prémio Internacional “Terras Sem Sombra”, em Sines, a 4 de julho.

O responsável assinala a vocação do programa para dar a conhecer as tradições musicais e artísticas do sul da Europa – Portugal, Espanha, sul de França, Itália e Ilha de Malta – que forma um “conjunto cultural muito coerente” que vão explorar numa itinerância em “algumas das mais belas localidades” do sul do país.

A biodiversidade é um tema presente no festival da Diocese de Beja, desde 2011, e os participantes, na manhã seguinte aos concertos, aos domingos, “vão para o terreno” para ações concretas de salvaguarda.

“Há sítios onde ajudamos a limpar rios ou praias, outros observamos espécies em risco de extinção, outros apostamos na possibilidade de valorizar habitats à sobrevivência de algumas espécies”, explica sobre a “sensibilização” do público como o “envolvimento” das próprias comunidades.

O diretor-geral comenta que esta aposta tem sido um “esforço grande” que mostra que a música pode “fazer algo pela defesa” do Alentejo e de um “conjunto de valores” que estão “esquecidos ou mesmo ameaçados”.

José António Falcão, que criou o Festival Terras Sem Sombra em 2003, considera que deviam “ir mais longe” nomeadamente na internacionalização de Portugal e “muito particularmente do Alentejo”, uma realidade que vai ser visível em 2016 com a ligação a Manaus, no Brasil.

“Faz todo o sentido uma colaboração um festival português e um brasileiro também de exceção na medida em que estamos a falar de experiências que ligam muito a música ao património e à questão essencial hoje, a nível global, que é a conservação dos recursos naturais”, desenvolveu o diretor-geral.

“No fundo há uma identificação de comunidades muito intensa que é preciso agora ainda valorizar mais”, observou.

A coordenação das ações de salvaguarda da biodiversidade corre a cargo de Pedro Azenha Rocha e a diretora-executiva do Terras sem Sombra é Sara Fonseca, vogal da direção do Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja.

CB/OC

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