Terra: Várias famílias cristãs estão «prontas para emigrar», conflito entre Israel e o Hamas agravou situação difícil

«Que Deus resolva este conflito, porque já não se aguenta» – Nicolas Ghobar

Foto: Lusa/EPA

Lisboa, 01 jun 2021 (Ecclesia) – O artesão Nicolas Ghobar, cristão de Belém, alerta que há famílias “prontas para emigrar” após o recente conflito armado entre Israel e o Hamas que agravou uma situação extremamente difícil nesta região do Médio Oriente.

“Que Deus resolva este conflito, porque já não se aguenta. Sei de 47 famílias cristãs da cidade de Belém prontas para emigrar à procura de um novo horizonte, só estão à espera dos papéis”, disse, numa informação divulgada hoje pela Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).

O artesão de Belém explica que já viviam um ambiente de desespero entre os cristãos que dependem do turismo, por causa da pandemia Covid-19, e a situação agravou com o conflito armado entre Israel e o Hamas, que causou cerca de três centenas de mortos e mais de 2 mil feridos, de 10 a 21 de maio.

“Isso é particularmente visível na cidade de Belém, cuja população depende, a cerca de 90 por cento, do turismo. E a esmagadora maioria pertence à comunidade cristã”, adiantou.

Nicolas Ghobar explica que os cristãos são “uma minoria, quase dois por cento de 15 milhões” de pessoas e a situação “está difícil”, sem turistas, com as fronteiras e os aeroportos fechados.

“Ficamos de joelhos. E com esta guerra será um ano mais sem turistas”, alertou, adiantando que o Médio Oriente não é uma região estável e na Terra Santa “as religiões brigam pela Terra Prometida que Deus lhes deu e os cristãos sentem-se abandonados”.

Há um longo trabalho a fazer para convencerem os turistas a estadias mais prolongadas onde “tudo acontecia depressa, parecia um sequestro”, “por causa da má imagem que tinham da cidade de Belém e do território da Palestina”.

O presidente executivo internacional da fundação AIS salienta que, “mais uma vez, a hostilidade e as trevas invadiram este lugar sagrado e Jerusalém” e a cidade sagrada para judeus, cristãos e muçulmanos, “está novamente cheia de violência e dor”.

“Tanto sangue foi derramado, tantas esperanças enterradas, tantas vidas foram destruídas”, acrescentou Thomas Heine-Geldern que pede aos benfeitores da Ajuda à Igreja que Sofre “que se unam ao pedido do Papa Francisco, e do Patriarca Latino de Jerusalém, o arcebispo Pierbattista Pizzaballa, para rezarem pela paz e justiça na Terra Santa”.

No seu mais recente relatório sobre liberdade religiosa no mundo, a fundação pontifícia indica que em Israel, as relações inter-religiosas são precárias e todo e qualquer incidente que envolva a liberdade religiosa “é tenso e convida a um escrutínio rigoroso por parte das autoridades civis e religiosas israelitas, jordanas e palestinianas, e é igualmente controlado pela comunidade internacional”.

O secretariado português da AIS recorda ainda que o artesão cristão Nicolas Ghobar é conhecido dos portugueses e praticamente todos os anos no Natal tem peças de artesanato com motivos religiosos à venda em igrejas no Chiado, em Lisboa.

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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