Sexta-feira Santa: Comunidades católicas de todo o mundo promovem coleta em favor dos Lugares Santos

Vaticano pede «comunhão e solidariedade» para cristãos da Terra Santa

Cidade do Vaticano, 19 abr 2019 (Ecclesia) – O Vaticano convida hoje as comunidades católicas a uma jornada de solidariedade com os cristãos da Terra Santa, no âmbito da tradicional coleta de Sexta-feira Santa.

A Congregação para as Igrejas Orientais (Santa Sé) destaca que este tempo litúrgico que “convida” cada católico “a voltar aos lugares e acontecimentos que mudaram o curso da história da Humanidade e a existência pessoal de cada um”.

“Revivendo os mistérios da nossa salvação, podemos pensar, com maior fervor, nos irmãos e irmãs que vivem e testemunham a fé em Cristo morto e ressuscitado na Terra Santa, exprimindo-lhes, também, a nossa solidariedade na caridade”, pode ler-se na missiva enviada aos bispos de todo o mundo, assinada pelo cardeal Leonardo Sandri e pelo arcebispo Cyril Vasil, respetivamente prefeito e secretário da Congregação para as Igrejas Orientais.

Estes responsáveis recordam as palavras que o Papa Paulo VI proferiu em 1974, quando instituiu a coleta a favor dos cristãos da Terra Santa.

Na altura, o pontífice italiano destacou a importância de apoiar uma comunidade inserida num território afetado por “graves problemas de ordem religiosa, política e social”.

Para a Santa Sé, estas palavras permanecem “ainda hoje” bastante atuais, num Médio Oriente onde “continuamos a assistir a um processo que dilacera as relações entre os povos e que cria uma situação de injustiça tal, que esperar a paz se torna quase temerário”.

Esta ideia foi também reforçada pelo Papa Francisco em julho de 2018, quando visitou a cidade de Bari e participou numa jornada de oração com todos os chefes das Igrejas Orientais do Médio Oriente.

“Sobre esta região esplêndida adensou-se, especialmente nos últimos anos, uma espessa cortina de trevas: guerra, violência e destruição, ocupações e formas de fundamentalismo, migrações forçadas e abandono. Tudo no silêncio de tantos e com a cumplicidade de muitos”, frisou o Papa argentino.

Francisco alertou ainda para as situações de perseguição e violência praticadas contra os cristãos da Terra Santa.

“O Médio Oriente tornou-se terra de gente que deixa a própria terra e há o risco de ser cancelada a presença dos nossos irmãos e irmãs na fé, deturpando a própria fisionomia da região, porque um Médio Oriente sem cristãos não seria Médio Oriente”, apontava o Papa.

De acordo com a Congregação para as Igrejas Orientais, assistimos ultimamente a alguns sinais de “esperança”, baseados em primeiro lugar numa “certa retoma” no número de peregrinos que chegam à Terra Santa.

São cada vez mais os peregrinos que chegam, por exemplo, de países como “a China, a Índia, a Indonésia, as Filipinas e o Sri-Lanka.

“Tal vitalidade apostólica”, frisa a Santa Sé, “é um grande sinal para a comunidade local, e interpela as do Ocidente, que são tentadas ao desencorajamento e à resignação, a viver e a testemunhar a fé quotidianamente”.

A Congregação para as Igrejas Orientais pede “maior cooperação e um compromisso generoso dos cristãos de todo o mundo” a favor “dos seus irmãos e irmãs na Terra Santa e no Médio Oriente”, com a consciência de que também “as despesas” relacionadas com a manutenção dos lugares santos “excedem” muitas vezes as possibilidades no terreno.

Esta coleta, promovida pela Santa Sé junto das dioceses de todo o mundo, acontece anualmente, recolhendo donativos para as comunidades que vivem na Terra Santa e para a manutenção dos lugares ligados à vida de Jesus e ao início do Cristianismo.

O Papa Paulo V, com o documento ‘Celestis Regis’, de 22 de janeiro de 1618, foi o primeiro a determinar a finalidade desta recolha de donativos e Bento XIV confirmou-a com o breve apostólico ‘In supremo militantis Ecclesiæ’, de 7 de janeiro de 1746.

A preservação da memória dos chamados Lugares Santos, que está confiada à Custódia franciscana, passa pela preservação dos vários monumentos que assinalam a ligação dos espaços a Jesus e os apóstolos, mas sobretudo pelo apoio às atuais comunidades cristãs – uma minoria entre muçulmanos e judeus na Palestina e Israel – que vivem situações difíceis.

JCP/OC

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