Terra Santa: Vaticano denuncia «tragédia» das guerras e convida a «adotar» um cristão do Médio Oriente

Comunidades católicas de todo o mundo chamadas a travar risco de desaparecimento de tradições cristãs que remontam aos primeiros séculos

Cidade do Vaticano, 04 mar 2020 (Ecclesia) – O Vaticano convidou hoje as comunidades católicas à solidariedade com os cristãos da Terra Santa, alertando para as consequências das guerras e migrações neste território.

O prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais (Santa Sé), cardeal Leonardo Sandri, refere-se, na carta que divulga a coleta anual de Sexta-feira Santa, à “tragédia da contínua e progressiva redução do número dos fiéis locais, com o consequente risco de ver desaparecer as diversas tradições cristãs que remontam aos primeiros séculos”.

“Longas e desgastantes guerras produziram e continuam a causar milhões de refugiados condicionando, fortemente, o futuro de gerações inteiras, as quais se veem privadas dos bens mais elementares como o direito a uma infância serena, a uma instrução escolar organizada, a uma juventude dedicada à procura de um trabalho”, pode ler-se, no documento divulgado hoje pelo Vaticano.

A Congregação para as Igrejas Orientais destaca que “a generosidade dos fiéis católicos, expressa através da coleta, em relação aos seus irmãos e irmãs no Médio Oriente pode resolver muitos problemas, mas a oração e o apoio moral são ainda mais necessários”.

A Santa Sé convida a “adotar” um cristão do Médio Oriente , mesmo que se não saiba o seu nome, “rezando por ele durante todo o ano de 2020”.

A coleta de Sexta-feira Santa (10 de abril, em 2020), promovida pela Santa Sé junto das dioceses de todo o mundo, acontece anualmente, recolhendo donativos para as comunidades que vivem na Terra Santa e para a manutenção dos lugares ligados à vida de Jesus e ao início do Cristianismo.

O Papa Paulo V, com o documento ‘Celestis Regis’, de 22 de janeiro de 1618, foi o primeiro a determinar a finalidade desta recolha de donativos e Bento XIV confirmou-a com o breve apostólico ‘In supremo militantis Ecclesiæ’, de 7 de janeiro de 1746.

A manutenção dos chamados Lugares Santos, que está confiada à Custódia Franciscana, passa pela preservação dos vários monumentos que assinalam a ligação dos espaços a Jesus e os apóstolos, mas sobretudo pelo apoio às atuais comunidades cristãs – uma minoria entre muçulmanos e judeus na Palestina e Israel.

O cardeal Sandri assinala, na sua carta, que a Igreja “continua a trabalhar na salvaguarda da presença cristã e no dar voz a quem não a tem”.

Esta salvaguarda faz-se no âmbito da pastoral e da liturgia, que é fundamental para a vida das nossas pequenas comunidades. Continua, pois, a empenhar-se, de modo sério, a prover a uma educação de qualidade através de escolas, que são fundamentais para a salvaguarda da identidade cristã e para construir uma convivência fraterna”.

Os territórios que beneficiam de várias formas de apoio da Coleta são a Palestina, Israel, Jordânia, Chipre, Síria, Líbano, Egito, Etiópia, Eritreia, Turquia, Irão e Iraque.

Os donativos são utilizados na construção de casas, no apoio aos pobres, cuidados de saúde, apoio a refugiados e preservação dos santuários, entre outros.

Em outubro de 2019, a fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) alertou no seu relatório sobre a situação dos cristãos no mundo, ‘Perseguidos e Esquecidos?’, para o risco de “desaparecimento” do Cristianismo no Médio Oriente.

O documento sublinhava o “impacto” da perseguição contra comunidades cristãs em países como a Síria ou o Iraque, falando mesmo em “período de genocídio”.

OC

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Agência ECCLESIA

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