Terra Santa: «Ficamos sem paz e ficamos sem pão», afirma artesão palestiniano 

Nicolas Ghobar, que trouxe a Portugal artesanato de Belém, quer que se divulgue pelo mundo que existe «um caminho para o povo se entender, para haver paz na terra que viu nascer o Príncipe da Paz»

Belém.
Foto: Lusa/EPA

Lisboa, 15 dez 2023 (Ecclesia) – Nicolas Ghobar, cristão de Belém, na Palestina, está em Lisboa a vender peças de artesanato em madeira de Oliveira, junto à Basílica dos Mártires (Chiado), mostrando-se preocupado com a guerra na Terra Santa.

“Estou muito preocupado, estou triste com as explosões, os mortos, a pobreza, a emigração. Nada disto é bom para a Terra Santa, para os peregrinos, para a economia… Queremos paz, queremos que haja pontes, que haja amor entre o povo da Terra Santa”, disse ao secretariado português da Fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).

Em nota enviada hoje à Agência ECCLESIA, a AIS informa que Nicolas Ghobar está na capital portuguesa para vender peças de artesanato produzidas em madeira de Oliveira pelos artesãos de Belém, e, “pelo menos até ao Natal”, pode ser encontrado na Rua Anchieta, junto à Basílica dos Mártires, ao Chiado.

A fundação pontifícia explica que “mais de 3000 cristãos palestinianos perderam os seus empregos”, devido à paralisação total dos negócios relacionados com o turismo, e cerca de 800, incluindo médicos, enfermeiros e professores, “perderam os seus empregos devido ao cancelamento das autorizações de entrada em Israel”.

“Em Jerusalém, os encargos económicos das famílias cristãs atingiram proporções assustadoras, especialmente para aqueles que ficaram abruptamente desempregados devido à interrupção do turismo. O impacto agravou-se quando alguns trabalhadores cristãos foram despedidos pelos empregadores israelitas, apenas por serem palestinianos”, desenvolveu o diretor de projetos da Fundação AIS Internacional, Marco Mencaglia.

Nicolas Ghobar, artesão de 40 anos, segundo a Ajuda à Igreja que Sofre, “não tira os olhos do telemóvel”, sempre à procura de notícias da sua terra, sempre a falar com a família e amigos, “sempre preocupado com o evoluir” do conflito armado que teve novos desenvolvimentos desde o dia 7 de outubro, quando o grupo islamita Hamas atacou o território israelita, matando 1200 pessoas, na sua maioria civis, e fazendo mais de 200 reféns.

Em retaliação, Israel vem bombardeando Gaza e bloqueou a entrada de bens essenciais como água, medicamentos e combustível; estima-se que os ataques tenham provocado mais de 18 mil mortos e 50 mil feridos.

“Nós, como comunidade cristã de Belém, vivemos dos peregrinos e ficámos sem peregrinos, ficamos sem paz e ficamos sem pão. Estamos com fé que a situação melhore, sem peregrinos a situação vai ficar difícil para os Cristãos da terra que viu nascer o Príncipe da Paz”, lamenta Nicolas Ghobar.

O cristão de Belém está na capital portuguesa para vender artesanato, mas afirma que, “o mais importante, agora é a oração”, e que se divulgue pelo mundo inteiro que há uma forma, que existe um “caminho para o povo se entender para haver paz na terra que viu nascer o Príncipe da Paz”.

Na Cisjordânia, a assistência prestada pela organização da Igreja Católica é sobretudo através de cupões de alimentos, que podem ser trocados por bens essenciais em alguns supermercados, com o objetivo de “responder às necessidades imediatas de subsistência, mas também ajudar a manter a dignidade das famílias cristãs na Terra Santa”, explicou Marco Mencaglia.

O diretor de projetos da Fundação AIS Internacional acrescenta que as preocupações “vão para além dos problemas económicos”, porque as famílias que residem perto ou dentro dos colonatos “são assombradas por preocupações com a sua segurança”, divulga o secretariado português da pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre.

CB/OC

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