Terra Santa: Cristãos «chocados» com construção de muro de separação no Vale de Cremissan

Supremo Tribunal de Israel validou projeto que vai deixar 58 famílias cristãs sem grande parte das suas terras

Cidade do Vaticano, 09 jul 2015 (Ecclesia) – O supremo tribunal de Israel autorizou a construção de um muro de separação ao longo do Vale de Cremissan, em Belém, na Cisjordânia, uma decisão que está a colocar a comunidade cristã local em estado de choque”.

Em declarações veiculadas hoje pela Rádio Vaticano, o bispo auxiliar do Patriarcado Latino de Jerusalém classifica a decisão de “incompreensível” e garante que vão ser tomadas as medidas necessárias para defender os direitos das famílias que, por causa do muro, vão perder o direito a grande parte das suas terras.

“Não podemos ficar calados, vamos reagir e esperamos ter sucesso, mesmo que tenhamos de tentar uma e outra vez”, garante o responsável cristão.

Em causa está a subsistência de pelo menos 58 famílias cristãs, do lado palestiniano, que vão ficar sem acesso a grande parte das suas terras de cultivo, que com a construção do muro ficarão do lado israelita.

A decisão afeta também dois mosteiros salesianos e um convent que, com o novo projeto, ficarão apenas acessíveis através da cidade de Beit Jala, do lado palestiniano.

O exército israelita justifica a construção desta barreira com “motivos de segurança”, enquanto os palestinianos dizem que por trás desta medida está o propósito de “se apoderar de um conjunto de terrenos férteis, para os utilizar na expansão de dois colunatos israelitas”.

Esta questão já se arrasta desde 2006, sendo que a comunidade cristã local, os seus líderes, têm lançado um conjunto de apelos internacionais sobre esta questão.

Os bispos católicos que integram a Coordenação das Conferências Episcopais para o apoio à Terra Santa também se associaram a esta causa, intercedendo pelos direitos das famílias cristãs do Vale de Cremissan.

Um dos elementos da Coordenação, D. Richard Pates, diretor da Comissão para a Justiça e Paz da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados-Unidos, escreveu mesmo uma carta ao secretário de Estado norte-americano.

Na missiva, o prelado pedia a John Kerry que “fizesse pressão sobre o Governo de Israel para que ele renunciasse a toda e qualquer estratégia tendo em vista a apropriação das terras palestinas na Cisjordânia ocupada”.

D. Richard Pates realçava ainda que a questão do Vale de Cremissan “prolonga e acrescenta sérias consequências ao conflito entre Israel e a Palestina” e ameaça “os esforços” que têm sido desenvolvidos à volta de “um acordo de paz”.

RV/JCP

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