Terra Santa: Coleta de Sexta-feira Santa ajuda as «pedras vivas» das comunidades cristãs

Frei Miguel Loureiro alerta para realidade de «êxodo e genocídio»

Lisboa, 03 abr 2015 (Ecclesia) – O comissário da Terra Santa em Portugal convida as comunidades católicas a refletirem hoje sobre a situação dos cristãos no Médio Oriente, num dia que lhes é particularmente dedicado.

“A grande jornada de Sexta-feira Santa para a Igreja do Oriente, para os lugares santos, é sobretudo de oração. Obrigatoriamente tem de passar pela ajuda, pela partilha”, disse frei Miguel de Castro Loureiro.

À Agência ECCLESIA, o responsável explica que depois de recolhido o ofertório de Sexta-feira Santa os comissariados enviam o valor angariado para a Custódia da Terra Santa que o divide para ser usado consoante as necessidades identificadas, que começam nas comunidades cristãs.

“Na ajuda às pessoas, na criação de trabalho, casas, apoios aos lares, hospitais e escolas. Depois às comunidades paroquiais, aos centros sociais e outros, e em último lugar para o cuidado dos lugares santos”, esclarece o entrevistado.

Neste momento, acrescenta o sacerdote, existe a “emergência” de ajudar os refugiados, sobretudo na Síria, Irão e Iraque.

O comissário da Terra Santa em Portugal frisa que esta partilha “não é com uma instituição”, mas com os que são “Igreja viva, pedra vivas” no Médio e Próximo Oriente, as pessoas.

Neste contexto, o frade franciscano adianta que a expressão ‘A paixão continua’, usada na campanha da coleta de Sexta-feira Santa, “foi muito rezada” sobretudo pelos Comissariados da Terra Santa da Península Ibérica, porque é a realidade dos cristãos hoje nestes locais.

“Normalmente, choramos a Paixão de Jesus mas esquecemo-nos que a paixão da realidade continua hoje na perseguição, no isolamento, na pobreza em que vivem as comunidades cristãs do Médio e Próximo Oriente”, alerta.

Segundo frei Miguel Loureiro, os cristãos em Israel vivem em pobreza, com uma “liberdade de culto possível”, mas esclarece que o espaço geográfico de Terra Santa abrange mais países como Síria, Iraque, Irão, Etiópia, Eritreia, Líbano ou Egito.

“Há lugares santos nestes países que hoje não podem ser visitados, não se pode usar uma cruz, andar com uma bíblia na mão ou celebrar o culto, sobretudo na Síria e Iraque”, acrescentou, alertando que todos são testemunhas do “êxodo e do genocídio”.

 “Ficamos muito aflitos porque houve um problema qualquer sociopolítico nalguma região, mas face aos irmãos na fé todos temos cruzados os braços”, observou.

O religioso apela ainda para que cada cristão nos seus países e Igrejas locais partilhe esta paixão que motiva a “fuga constante dos cristãos” e consequente “diminuição” destas comunidades.

O Papa Paulo V, com o documento ‘Cœlestis Regis’, de 22 de janeiro de 1618, foi o primeiro a determinar a finalidade desta recolha de donativos e Bento XIV confirmou-a com o breve apostólico ‘In supremo militantis Ecclesiæ’, de 7 de janeiro de 1746.

Os católicos da Terra Santa incluem comunidades de rito latino, greco-melquita, copta, maronita, síria, caldeia e arménia.

Existem 84 comissariados, nos diversos países onde existem franciscanos, e têm como objetivo “alertar e chamar atenção” ao povo de Deus para terem “cuidado” pela Terra Santa.

PR/CB

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Agência ECCLESIA

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