Comunicado critica proposta «unilateral», considerando que a mesma esquece direitos dos palestinos
Lisboa, 30 jan 2020 (Ecclesia) – Os bispos católicos da Terra Santa manifestaram, em comunicado conjunto, a sua rejeição ao plano de paz para o Médio Oriente apresentado esta terça-feira pelo presidente dos EUA, Donald Trump.
“Esse plano não trará soluções, mas criará mais tensões e provavelmente mais violência e derramamento de sangue”, advertem os responsáveis.
Trump apresentou a sua “visão” para um plano de paz no Médio Oriente, falando de “solução realista de dois Estados” e anunciando Jerusalém como “a capital indivisível de Israel”.
A Assembleia dos Ordinários Católicos da Terra Santa recorda que o conflito israelita-palestino está “há décadas” no centro de “muitas iniciativas de paz e propostas de solução”, considerando que é necessário “o acordo dos dois povos, israelitas e palestinos”, numa base de “igualdade de direitos e dignidade”.
Os bispos católicos entendem que o plano ‘Peace-to-Prosperity’, apresentado pelo presidente dos EUA, não respeita essas condições.
Não dá dignidade e direitos aos palestinos. Deve ser considerada uma iniciativa unilateral, pois apoia quase todas as exigências de um lado, o de Israel, e a sua agenda política. Por outro lado, esse plano não leva em consideração as justas exigências do povo palestino sobre a sua terra natal, os seus direitos e a sua dignidade de vida”.
Os responsáveis católicos esperam que os acordos anteriores assinados entre as duas partes sejam “respeitados e melhorados”, com base na “completa igualdade humana entre os povos”.
A declaração conjunta conta a todas as Igrejas cristãs do mundo a rezar pela Terra Santa, “a trabalhar em prol da justiça e da paz e a ser a voz dos que não têm voz”.
A Assembleia dos Ordinários Católicos da Terra Santa representa os ritos latino, melquita, maronita, sírio, arménio e caldeu, em comunhão com Roma.
Na apresentação do seu plano, o presidente dos EUA pediu aos responsáveis palestinos uma “clara rejeição do terrorismo”; a proposta admite uma capital palestina em Jerusalém oriental e prevê o congelamento de construção de novos colonatos israelitas, durante quatro anos.
OC