Tenho um desafio para ti

Teresa Gonçalves, Diocese de Santarém

“Olá, Teresa! Tenho um desafio para ti! Gostávamos de te convidar para (…)”

Foi assim que isto começou. Quer o convite para ser responsável de um COV (Comité Organizador Vicarial) na JMJ Lisboa 2023, quer o convite para escrever um artigo para a Agência Ecclesia. Eu, na minha humildade e pequenez, misturada com as minhas inseguranças e limitações, os meus projetos, afazeres e problemas, fico em estado de choque. Respiro fundo, olho para cima e pergunto “Tu ‘tás a gozar certo?” (não levem a mal a minha comunicação informal com Nosso Senhor, é assim que me expresso a Ele).

Onde é que alguma vez eu tinha capacidade para liderar uma equipa e acompanhar e apoiar outras tantas num território que mal conhecia e onde, de forma geral, há poucos jovens comprometidos na Igreja e muitos deles eu mal conheço? Levantei todas as razões e mais algumas pelas quais deveria, com certeza, haver alguém mais capaz do que eu para isto e comuniquei à pessoa que me tinha convidado. A frase que estes vários membros da Igreja me devolveram (um era um padre, a outra uma jovem) foi algo como “respeito a tua liberdade, só tu poderás escolher e decidir se aceitas o desafio. Acredito que serás capaz. Não estarás sozinha. E Deus não escolhe os capacitados, Ele capacita os escolhidos.”

Quem não arrisca não petisca. Eu queria ser mais e dar mais. Por Jesus. Queria – e quero – ser Seu instrumento. Ele já me deu tanto. No meu coração havia o desejo corajoso de aceitar o desafio. “É por Ti, mas Tu ajuda-me que eu sou muito limitada!”

Long story short, e depois de em mais do que um momento ter sido assolada por dúvidas e contratempos que me fizeram questionar e precisar de discernir como continuar e se deveria ou poderia continuar com esta missão, estou aqui, com a graça de Deus. E o meu Sim que é dado em cada dia foi-se tornando mais firme e consistente. Com muita oração e muito trabalho árduo de organização, priorização e pedir ajuda, diga-se de passagem.

Que graça enorme, que tesouro enorme termos a JMJ em Lisboa e no nosso país, para a Igreja em Portugal! Não deixo de ir relembrando isto a todos, quer nas reuniões de trabalho do COV com o COD (equipa diocesana), os COPs (equipas paroquiais), os padres, quer nas mensagens nos vários grupos de WhatsApp que temos, quer nas visitas e encontros presencias que o COV vai fazendo no território e nas comunidades, quer a título pessoal a amigos e familiares. É tão importante não perder isto de vista. E que a Jornada assenta em 2 pilares: logística e oração. Sem um destes, não vai ser possível. Somos todos amadores a organizar uma Jornada Mundial da Juventude, estamos todas e todos a dar o nosso melhor e tudo o que temos, e tantas vezes parece que não chega. De facto, haverá sempre algo a melhorar, a fazer mais. Estamos tantos a desmultiplicar-nos entre as nossas esferas profissionais, familiares, pessoais, para contribuir com os dons que foram confiados a cada um para tornar isto possível. Estamos tantos a contribuir com as nossas gotas neste oceano.

Sonhamos e imaginamos muita coisa, mas é provável que ainda possa haver alterações em relação ao que estava previsto. É como em tudo, o caminho faz-se a caminhar. O próprio Papa Francisco disse aos jovens na Vigília da JMJ em Cracóvia (2016) para trocarmos o sofá por um par de sapatos.

Agora, há muito que já sabemos e que tem vindo a ser preparado e definido de forma muito generosa desde há mais de 3 anos. Mas isto é difícil, a mudança é difícil, gerir expetativas é difícil. É a realidade humana. E é por isto que precisamos de líderes. E o mais espantoso é que os verdadeiros líderes não têm de ter grandes currículos. Basta que vivam a missão que nos move, de forma sincera e humilde. Um líder é qualquer pessoa que inspire e oriente os outros à sua volta e acredito mesmo que todos – todos sem exceção – têm esta capacidade em si, independentemente das suas condicionantes (físicas, psicológicas, comportamentais, sociais, espirituais, etc.). E todos nós que preparamos a Jornada nas várias instâncias (COL em Lisboa, CODs nas dioceses, COVs nas vigararias e COPs nas paróquias) ou qualquer pessoa que viva de forma inteira a missão da JMJ Lisboa 2023, consegue ser um líder e ajudar a construir esta trabalhei… esta Graça!

Há imensos obstáculos e dificuldades, e uns deles bastante grandes. Além disto, preparar a JMJ requer também MUITA flexibilidade e capacidade de adaptação. Há coisas que vão ser diferentes do previsto, mas não tenho dúvidas que seremos capazes. “Basta” adaptação, manter o foco no Essencial e valermo-nos da ajuda do Espírito Santo e dos outros. Sem algum destes elementos, aí sim não será possível.

Uma das Câmaras Municipais aqui no território disse-nos “não vos vou pedir obras, mas não me venham pedir milagres”. Cada um faz e dá aquilo que tem e aquilo que pode e é desta forma que construímos a Jornada. O desafio, que dá trabalho, é envolver todos e ir criando relação com membros e parceiros.

E tal como me perguntaram, deixo também a pergunta para quem quiser arriscar ser membro, voluntário, família de acolhimento, parceiro: “Na tua liberdade, aceitas o desafio?”

Teresa Gonçalves
(Coordenadora do Comité Organizador Vicarial de Almeirim da JMJ Lisboa 2023)

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Agência ECCLESIA

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