Superior da congregação em Portugal, padre Tony Neves é um dos participantes no Capítulo Geral, que decorre até 15 de julho
Lisboa, 25 jun 2012 (Ecclesia) – A congregação católica dos Espiritanos inaugurou este domingo a sua 20.ª assembleia mundial de responsáveis com a recriação da chegada, no século XIX, dos primeiros missionários cristãos à cidade tanzaniana de Bagamoyo, onde decorre o encontro.
O Capítulo Geral, que conta com a participação do responsável máximo da congregação em Portugal, padre Tony Neves, iniciou-se com a aproximação de um barco à vela, de onde saiu um grupo de pessoas dirigido pelo bispo de Zanzibar, D. Augustine Shao.
Depois de atravessar alguns metros de mar a vau, o prelado pisou a areia da praia, pousou a Bíblia que trazia na mão e pegou numa candeia acesa, que levou em procissão, juntamente com os participantes no encontro, até junto da cruz memorial que assinala a chegada dos primeiros Espiritanos, relata o padre Tony Neves no site da congregação.
Os 115 participantes de várias partes do mundo estão reunidos até 22 de julho, sob o lema ‘Sede fervorosos no Espírito’, para avaliar a atuação da congregação, eleger o novo superior geral e o seu conselho, além de lançar os objetivos para os próximos oito anos.
Na missa de abertura do Capítulo, que decorre pela primeira vez em África, o arcebispo de Dar es Salam, cardeal Polycarp Pengo, lembrou que “os traficantes de escravos foram os grandes opositores dos primeiros Espiritanos”, congregação que contribuiu para abolir a escravatura no país.
“Hoje há os grandes que querem manter as suas posições, escravizando os mais pobres”, frisou o prelado, acrescentando que D. Augustine Shao, também Espiritano, tem sido alvo de ataques por parte de extremistas islâmicos, que lhe queimaram o carro sem que as autoridades reagissem.
O representante diplomático da Santa Sé (núncio apostólico) leu uma mensagem do Papa Bento XVI, que aludiu ao sacrifício do primeiro grupo de Espiritanos, cujos integrantes morreram com menos de 34 anos devido ao clima e doenças tropicais.
Na eucaristia concelebrada pelos 22 bispos da Conferência Episcopal da Tanzânia, o núncio recordou que os Missionários do Espírito Santo construíram igrejas, escolas e hospitais, mas o mais importante foi a construção das comunidades cristãs.
O político muçulmano responsável pela cidade situda a 70 km de Dar es Salam, capital económica da Tanzânia, deu as boas vindas aos participantes e prometeu que as autoridades locais se responsabilizariam pela segurança dos religiosos, adianta o padre Tony Neves.
Os Espiritanos alemães chegaram à Ilha de Zanzibar em 1863 para apoiar a libertação dos escravos e dali rumaram a Bagamoyo, na costa continental do Índico, onde chegaram em 1868.
Os Missionários do Espírito Santo foram fundados a 27 de maio de 1703, em França, por Poullart des Places, estando hoje presentes em mais de 60 países dos cinco continentes através de três mil padres e religiosos.
A congregação, dedicada ao apoio humano, económico e cultural às populações desfavorecidas, particularmente no Terceiro Mundo, chegou a Portugal em 1867, contando com nove comunidades onde vivem cerca de 200 membros.
RJM