Francisco abordou hoje os quatro anos da encíclica «Laudato si» onde apela a uma Ecologia Integral
Cidade do Vaticano, 08 jun 2019 (Ecclesia) – O Papa sublinhou hoje a necessidade de uma “conversão” social que permita ir ao encontro de “problemas como a fome, a insegurança alimentar, a precariedade, a degradação do meio-ambiente e a cultura do desperdício”.
Numa audiência com cerca de 500 participantes do encontro internacional ‘A Doutrina da Igreja, das raízes à era digital’, que está a decorrer em Roma, Francisco frisou que a conjuntura mundial atual requer “uma renovada visão ética, que saiba colocar as pessoas no centro, para que ninguém fique à margem da vida”.
A conferência deste ano, promovida pela Fundação Centesimus Annus, está centrada na encíclica ‘Laudato si’ que o Papa dedicou à questão da Ecologia, publicada em 2015.
Durante a sua intervenção, Francisco reforçou a importância da “ecologia integral”, que envolve não só o ambiente mas todas as vertentes ligadas ao ser humano, seja encarada como “uma prioridade a nível internacional, nacional e individual”.
Para o Papa, quatro anos depois da edição da encíclica, já se começam a ver “sinais de um aumento da consciência sobre a necessidade de cuidar da casa comum” que é o planeta.
Entre os exemplos visíveis dessa mudança está “a adoção por parte de muitas nações dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas”, o “crescente investimento em fontes de energia renovável e sustentável, os novos métodos de eficiência energética” e uma “maior sensibilidade, especialmente entre os jovens, sobre as temáticas da ecologia”.
No entanto, “permanece ainda um bom número de desafios e de problemas”, acrescentou o Papa argentino, citando “o lento ou mesmo inexistente” progresso que tem sido feito à volta do cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Também a persistência de problemas como “o individualismo excessivo, o consumismo e o desperdício”, o “uso impróprio dos recursos naturais” e a manutenção de “modelos sociais que não promovem a inclusão ou a sustentabilidade”.
Francisco frisou que estas e outras questões “continuam a ter efeitos negativos sobre realidades como a pobreza, o crescimento e a justiça social”, e por conseguinte, sobre “o bem-comum”.
“Torna-se difícil promover a solidariedade económica, ambiental e social e a sustentabilidade dentro de uma economia mais humana, que considere não apenas a satisfação de desejos imediatos, mas também o bem-estar das futuras gerações”, referiu o Papa, que desafiou os participantes do congresso a não “desanimar”.
“O desenvolvimento de uma ecologia integral é tanto um chamamento como um dever (…) Que as vossas discussões e esforços possam contribuir para uma profunda transformação da sociedade, a todos os níveis: indivíduos, empresas, instituições e políticas”, exortou Francisco.
JCP