Padre Jorge Naranjo destaca a interajuda entre todos, num ambiente com 55% de estudantes cristãos
Lisboa, 20 out 2022 (Ecclesia) – O padre Jorge Naranjo, Missionário Comboniano em missão no Sudão, disse à Agência ECCLESIA que desde os anos 90 que na universidade Comboniana, fundada com autorização do Estado, se vive uma “relação de fraternidade entre católicos e muçulmanos”.
“Há uma relação de fraternidade, sem dúvida, partilhamos as dificuldades da nação, as dificuldades dos estudantes pagarem as propinas e, juntos, procuramos benfeitores para ajudar”, relata o religioso.
O Missionário Comboniano, há 14 anos em missão em Cartum, no Sudão, recorda o início desta Universidade, fundada em 2001, para “promoção dos estudos universitários aos jovens africanos que já tinham estudado nas escolas combonianas”.
“Temos de pensar que havia a lei islâmica e eram anos difíceis, parecia impossível que o governo islâmico aprovasse um projeto universitário da Igreja Católica, mas tal concretizou-se”, conta.
O padre espanhol, Jorge Naranjo, descreve que “foi apresentada a ideia e, fruto da colaboração entre a igreja local, os missionários combonianos e os muçulmanos”, conseguiram a aprovação do governo.
Atualmente a Universidade Comboniana “Science and Technology” tem muitos docentes muçulmanos e “55% de estudantes cristãos”.
Rezamos uns pelos outros, quando há um problema peço a oração dos meus irmãos muçulmanos e eles fazem o mesmo, vemo-nos como irmãos que partilham o mesmo projeto, os mesmos desafios e a mesma visão educativa, procuramos juntos o bem de todos, o bem deste país”.
O missionário referiu ainda que na Universidade se pode encontrar “uma capela para oração cristã” e, noutro edifício, existem “umas salas para a oração dos muçulmanos”.
“Mais do que pensar as religiões pensamos as pessoas que podem ter uma religião diferente, eu no meu dia a dia não penso no Islão como ideia abstrata, tenho relação concreta com pessoas muçulmanas, que procuram ter boa relação com Deus, serem honestas e procuram fazer o bem”, esclarece.
Para o missionário comboniano estar em missão no Sudão, onde há 97% de muçulmanos, é um “lugar muito especial”, pois o fundador, São Daniel Comboni, “passou cá grande parte da vida e aqui morreu”.
A entrevista integra o programa de rádio ECCLESIA na Antena 1 da rádio pública, neste sábado, pelas 06h00, ficando depois disponível online e em podcast.
SN