Sudão: Igreja mantém-se no terreno enquanto agências humanitárias são obrigadas a deixar o país

As autoridades sudanesas decidiram expulsar cerca de uma dezena de ONG’s presentes no Sudão na sequência do mandado de detenção do Tribunal Penal Internacional contra o Presidente sudanês Omar al-Bashir, anunciaram responsáveis de algumas dessas organizações e da ONU. “Com a partida das ONG’s e se o governo não retroceder na sua posição, 1,1 milhões de pessoas ficarão sem alimentos, 1,5 milhões de pessoas sem cuidados de saúde e mais de um milhão sem água potável”, indicou a porta-voz do Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês) da ONU, Elizabeth Byrs, durante um encontro com a imprensa. Neste contexto, a Igreja Católica continua a procurar assegurar o funcionamento da sua rede de ajudas. A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) não deixa de apoiar os projectos que tem no Sudão, principalmente o grande projecto «Salvar os oprimidos» (Save the saveable), oferecendo condições mínimas de educação para milhares de crianças nos campos de refugiados nos arredores de Cartum. Durante este ano foi pedido a todos os secretariados nacionais da AIS para reforçarem as campanhas de recolha de fundos e aumentarem os donativos a favor do Sudão. No próximo dia 31 de Março, durante a Conferência anula dos Directores da AIS, estará presente D. Daniel Adwok, Porta-voz e responsável do Secretariado da Justiça e Paz da Conferência Episcopal do Sudão, para falar sobre a situação da Igreja e sobre o desenvolvimento dos projectos que estão a ser apoiados no país. O Bispo Auxiliar de Cartum, tem sido uma voz incómoda para o regime, denunciando as falhas de quem governa o Sudão no que diz respeito à construção de um país próspero e pacífico. Em entrevista à secção portuguesa da AIS, aquando da sua passagem pelo nosso país em finais de 2007, este responsável acusava o governo de Cartum de “querer fazer do Sudão um Estado islâmico, custe o que custar”. O Partido do Congresso Nacional, parte da Frente Islâmica Nacional de Hassan El Tubabi, chegou ao poder por um golpe militar, em 1989, e prossegue desde então uma política de islamização das instituições “públicas ou privadas”. O prelado considera que há a tentativa de “fazer reviver a civilização árabe e islâmica no Sudão, sem espaço para quaisquer outras religiões ou culturas”. Departamento de Informação da Fundação AIS

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