Sudão do Sul: Bispo fez 200 quilómetros a pé, com 60 jovens, para ver o Papa

D. Christian Carlassare foi baleado em 2021, após a sua nomeação episcopal

Foto: Lusa/EPA

Juba, 06 fev 2023 (Ecclesia) – O missionário italiano D. Christian Carlassare, bispo de Rumbek, fez uma peregrinação de 200 quilómetros, a pé, acompanhado por 60 jovens de várias tribos e religiões, para ver o Papa Francisco no Sudão do Sul.

“Eles caminharam juntos durante nove dias e criaram fraternidade. Nos primeiros dias vi que não se falavam, que formavam os seus pequenos grupos, no final chegamos a Juba com serenidade, alegria e comunhão: o grupo unificou-se, finalmente”, relatou o responsável católico, em entrevista ao portal de notícias do Vaticano.

O religioso comboniano foi nomeado bispo por Francisco, em 2021, tendo sido baleado por homens armados, em abril desse ano; viria a tomar posse da Diocese de Rumbek em 2022.

Sobre a viagem do Papa ao Sudão do Sul, entre sexta-feira e domingo, o responsável fala numa bênção de paz para “uma terra, que neste país nasce de corações desarmados pela raiva e pela violência”.

“Para mim foi muito emocionante o encontro com ele na Catedral, onde falou aos bispos, religiosos, padres e seminaristas”, assinalou, falando na possibilidade que os jovens peregrinos tiveram de cumprimentar Francisco, o qual lhes agradeceu pelo seu “testemunho”.

D. Christian Carlassare sustenta que “a mudança no Sudão do Sul não virá das elites, mas das pessoas que tanto sofreram e que poderão dar uma nova visão ao país”.

A viagem foi acompanhada também pela irmã Beta Almendra, comboniana portuguesa, para quem o Papa deixou “uma esperança”.

“Ainda vivemos o rescaldo destes três dias em que o Papa esteve aqui connosco e fez ver ao mundo inteiro que o Sudão Sul tem coisas muito boas, muito boas”, referiu a religiosa, numa mensagem divulgada pelo secretariado português da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).

A irmã Beta Almendra considera que a viagem de Francisco ajudou a colocar o Sudão do Sul no centro da atualidade, lembrando ao mundo que este “é um país que sofre com insegurança, com as consequências de uma guerra, pois ainda há gente que sofre e que morre”.

OC

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