Sonho com mais de 30 anos

Aumento do número de peregrinos e centralidade crescente de Fátima para a vida eclesial deram origem à igreja da Santíssima Trindade A inauguração da nova igreja da Santíssima Trindade marca o fim de um percurso que foi passado em revista pelo Reitor do Santuário, Mons. Luciano Guerra, aquando da adjudicação da primeira empreitada: “Foi entendimento do Santuário, anotado no primeiro Estudo de Estruturação Pastoral, redigido em 1974, que o movimento de Fátima justificava, e mesmo exigia, um espaço de culto, a que despreocupadamente chamávamos já “uma nova basílica”, a qual teria de ser bastante mais espaçosa que a actual. Recebíamos então dois milhões de peregrinos por ano; temos hoje, ao que estimamos, entre quatro e cinco milhões. Com a democratização dos meios e vias de transporte a tornar muito fácil a viagem até Fátima, de Portugal e de muitas outras nações; com as condições laborais e escolares a deslocarem os peregrinos, primeiro para os domingos, depois para os fins de semana, e para as férias, no Verão, e cada vez mais também no Inverno; com os antigos e novos movimentos eclesiais a verem na peregrinação a Fátima o seu encontro anual privilegiado; com muitos deles a elegerem esta Cidade da Paz para jornadas, semanas e congressos; enfim, com uma afluência cada vez mais assídua e numerosa às celebrações litúrgicas, sobretudo às missas dominicais, o facto é que a exiguidade dos espaços se foi acentuando cada vez mais. Até porque, pela progressiva apetência de participação activa das pessoas, pela crescente sensibilidade às condições atmosféricas do exterior – com o sol, a chuva e o frio a tornarem-se cada vez menos suportáveis – e pela dificuldade também crescente de novos e velhos se manterem de pé, tornou-se cada vez mais evidente a necessidade de criar condições favoráveis à participação activa e atenta, mesmo num lugar penitencial como este. É verdade que a penitência pedida por Deus em Fátima pode ainda hoje ser simbolizada pelo incómodo da viagem, pelas noites de vigília, e sobretudo pela peregrinação a pé e de joelhos, mas o mal que mais atormenta a nossa geração e para o qual Nossa Senhora mais deve estar atenta, é um mal que corrói sobretudo a própria alma, ou o sistema nervoso, onde todos temos tanta necessidade como dificuldade de entrar. Ora para levar o remédio da conversão a este mal profundo da alma, o peregrino de hoje precisa de mais concentração do que a permitida pelos apertos da actual basílica ou pela dispersão do Recinto de Oração. Recolhidos muitos dados, feitas muitas reuniões, consultados todos os inter-venientes da Pastoral do Santuário, assim como o Conselho Presbiteral Diocesano, publicou o nosso Serviço de Ambiente e Construções, em Junho de 1996, um projecto de programa para um Grande Espaço Coberto Para Assembleias (GECA). Incluía-se nesta denominação a obra a que hoje damos início. Desde sempre duas localizações se apresentavam como elegíveis: a da actual basílica e a da Praça Pio XII. Analisados ao pormenor os prós e contras de cada uma destas localizações, acabámos por deixar a decisão aos nove arquitectos do primeiro Concurso Internacional. De facto, não foi grande surpresa que todos optassem pela Praça Pio XII, lugar para o qual antes se inclinava a maioria das pessoas consultadas, que foram bastantes. Esta preferência dos arquitectos pareceu um sinal suficientemente claro para que a questão pudesse dar-se por arrumada. Terminado o concurso internacional, com a votação do júri que apurou os três primeiros projectos, achámos que havia elementos suficientes para, em lugar de uma segunda etapa, fazermos um segundo concurso, entre os três escolhidos. Assim ficou apurado em primeiro lugar, por votação secreta, o arquitecto Alexandre Tombazis, cidadão da Grécia. (…) Escrevemos em 1996, no opúsculo programático, que a relação do GECA com o lugar em que realizamos esta cerimónia “não pode ser senão de harmoniosa complementaridade, dado que a Capelinha das Aparições, construída no local onde Nossa Senhora apareceu, constitui, juntamente com a imagem que na mesma se venera, o lugar frontal do Santuário, ou seja, aquele para que converge, onde chega, e donde parte, a totalidade dos peregrinos e visitantes. É necessário que as celebrações do GECA não só não distraiam os peregrinos da Capelinha, como ajudem a encaminhá-los para lá.” (p.69). E mais: desde o princípio se procurou que a articulação e harmoniosa relação com o conjunto edificado (Capelinha, Basílica com colunatas, casas de Nossa Senhora do Carmo e Nª Sª das Dores, Centro Pastoral) e mesmo com a zona verde de ligação aos Valinhos «deve garantir-se por um processo de inserção a todos os níveis». (p.70)”.

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