José Luís Nunes Martins
O que nos distingue é superficial. Tal como no teatro, cada um representa um papel para o qual se veste de uma determinada forma.
Alguns confundem-se e acreditam que são mesmo, e só, aquilo que veem ao espelho… Em algum ponto do seu futuro hão de sentir um vazio abismal, pois esqueceram-se de que, mais do que terem um coração, são um, o resto são apenas superficialidades sem valor absoluto.
A nossa existência terrena é marcada por estas indumentárias que os nossos corações têm de usar, mas o sentido da nossa vida não passa por elas.
A felicidade passa por sermos capazes de fazer com que o nosso eu chegue ao mundo. Por entre as roupas e apesar delas. Como uma luz face a vitrais.
Somos uma luz interior que deve dar cores ao mundo, através dos corpos com que nos vestimos.
O que importa não é o que pode ser visto e escutado, antes sim o invisível e silencioso que está por dentro de tudo e de cada coisa.
Em primeiro lugar, é preciso aprender a olhar e ver para além das camadas de aparências que nos distinguem. A tendência natural é para nos aproximarmos dos que são amáveis e belos, dos que são parecidos connosco.
Devemos amar coração a coração. O outro é, tal como eu, cheio de fraquezas e imperfeições. Amá-lo é amá-lo como ele é.
O outro tem imensos defeitos, sim. Também nós.
Perdoar o outro é perdoar-se a si mesmo.