Instituição trabalha em articulação com União de Freguesias local
Coimbra, 07 abr 2022 (Ecclesia) – O Seminário Maior da Diocese de Coimbra disponibilizou dois apartamentos para receber pessoas e famílias que fogem da guerra na Ucrânia e chegam a esta cidade, num acolhimento realizado em parceria com a União de Freguesias local.
“Pareceu-nos sempre, e tomamos essa decisão há algum tempo, que esta solidariedade também precisa de ser organizada. Houve um certo voluntarismo rápido, mas isto precisa de um acompanhamento, por exemplo, a nível da legislação e registo no SEF, em termos de tradução, de saúde, da alimentação. E quisemos estar sempre em articulação com os serviços da cidade, nomeadamente com a união de freguesias que tem esse procedimento”, disse o padre Nuno Santos, em declarações à Agência ECCLESIA.
O reitor do Seminário Maior de Coimbra explica que, com o início da chegada de ucranianos à cidade, contactaram a União das Freguesias de Coimbra – Sé Nova, Santa Cruz, Almedina, São Bartolomeu -, que “está muito organizada”, com quem têm estado a trabalhar e disponibilizaram dois apartamentos.
Os apartamentos são um T2, que recebe atualmente a segunda família ucraniana, e um T5, que “não é tão fácil” de ocupar, porque ou têm várias famílias, “que nem sempre é muito fácil, ou uma família grande”.
“Vão chegar ucranianos da Roménia e estão a pedir para não ocuparmos o apartamento, para estar disponível”, adiantou o responsável.
O padre Nuno Santos contextualizou também que os apartamentos, “nesta fase inicial, foram vistos como solução de transição”, para as pessoas ficarem num primeiro momento quando chegam à cidade, porque muitas têm outros familiares, conhecidos ou contactos em Portugal.
O reitor explicou que disponibilizaram e preparam os espaços para receber quem foge da guerra na Ucrânia, que começou a 24 de fevereiro, e num dos apartamentos, para além do trabalho de limpeza, também mobilaram, colocaram os “eletrodomésticos necessários, a internet”, ligaram a eletricidade e a água”, que estavam suspensas porque iam entrar em obras, e deixaram alimentos.
Neste contexto, o sacerdote destaca o trabalho realizado por “uma equipa enorme”, as “dádivas e disponibilidade de várias pessoas” que tornaram possível que o espaço ficasse “muito acolhedor”.
O padre Nuno Santos contextualizou que os dois apartamentos são para arrendar, porque têm “muitas despesas com as obras do seminário”, que “é muito exigente e tem sido muito difícil a angariação de fundos”, mas, nesta circunstância e nesta hora, não deviam “ser egoístas”.
Apesar das nossas dificuldades reais, porque estes apartamentos suportam muito as nossas despesas, devíamos estar ao serviço. É uma missão básica de acolhimento que é de todas as pessoas e que de um modo tão especial os cristãos devem ter no seu ADN, e, por outro lado, é também uma obrigação de todas as estruturas da diocese, das dioceses, de acolher irmãos”.
O entrevistado destaca os “gestos de solidariedade impressionantes” e a “disponibilidade muito grande” com os refugiados ucranianos, mas afirma que fica “uma pergunta no ar” sobre o acolhimento de outros emigrantes que vão chegando à Europa.
“Há também aqui uma sensibilidade que é mediada pelas redes sociais, pelo impacto do momento. É também uma autocrítica a todos os nossos processos de acolhimento, onde também nos incluímos: Se fosse do norte de África se calhar não teríamos tanta mobilização, como com aqueles que atravessam o Mediterrâneo. O contexto é diferente, mas não podemos deixar de nos colocar a perguntas se nós não corremos às vezes o risco de acolher uns e não acolher outros”, desenvolveu o padre Nuno Santos.
Neste contexto, o reitor do Seminário Maior de Coimbra assinala também que o lema desta casa de formação, este ano, é ‘próximo’, e estão a ajudar a refletir sobre esta temática, por exemplo, com a iniciativa ‘Curtas com Conversa’, que recomeçou há uma semana, onde exibiram e conversaram sobre “Omnibus”, de Sam Karmann, de 1992.
CB/OC