Lisboa, 11 nov 2011 (Ecclesia) – A “AidWatch”, grupo de especialistas da confederação europeia “Concord”, que reúne 1800 ONG’s de ajuda e desenvolvimento, enviou uma carta aberta aos ministros da União Europeia, pedindo-lhes mais empenho na ajuda ao desenvolvimento das populações pobres.
A missiva antecede o quarto Fórum de Alto Nível sobre a Eficácia da Ajuda, que a Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económicos (OCDE) organiza de 29 novembro a 1 de dezembro em Busan, Coreia do Sul.
A cimeira será a “mais significativa” reunião de personalidades da comunidade internacional de ajuda “desde os seus inícios”, pelo que as conclusões do encontro serão “críticas” para o futuro do apoio ao desenvolvimento, assinala o documento.
Depois de lembrar que os países membros da União Europeia asseguram “cerca de metade” da ajuda mundial aos mais pobres, o texto apela aos Governos para maximizarem o impacto do seu apoio, tornando os programas de cooperação “mais transparentes” e “efetivamente escrutinados”.
A carta sublinha igualmente que a cimeira deve contrariar as práticas que ameaçam os efeitos da assistência, como os apoios que falham no fortalecimento dos regimes democráticos e na implementação da igualdade de géneros.
“Infelizmente” a posição comum da União Europeia para a cimeira, que vai ser revelada no Conselho de Ministros dos Negócios Estrangeiros desta segunda-feira, em Bruxelas, “contém poucas propostas concretas”.
O texto nota igualmente que alguns países têm sobressaído na oposição a “propostas ambiciosas” de outros estados, usando como desculpa a falta de ambição de novos doadores, como a China.
“Por que razão ser o maior doador mundial da ajuda ao desenvolvimento e não tomar a dianteira no debate? Ao invés de assumir a liderança, a União Europeia vai a Busan quase como um observador”, afirmou Gideon Rabinowitz, presidente da “Concord AidWatch”, citado pela ONG portuguesa Oikos.
O documento realça que “a falta de liderança política” revela um contraste acentuado com a atitude manifestada pela União Europeia no anterior encontro, realizado em 2008, e “é provável que mine” o sucesso desta cimeira.
RJM