Solidariedade: «Não esquecemos a Síria» – Serviço Jesuíta a Refugiados

Padres Fouad Nakhaleh e Gonçalo Castro Fonseca testemunharam serviço pela paz e esperança

Lisboa, 31 jul 2018 (Ecclesia) – O Serviço Jesuíta a Refugiados (JRS Portugal) dinamizou a conferência ‘Não esquecemos a Síria’, onde se destacam os testemunhos de dois padres, um sírio e um português, que no terreno tentam ajudar, levar esperança e promover a paz.

“Na Europa cada vez mais crescem vozes contra os migrantes, são poucas as vozes que lembram a importância de cuidar destes mais vulneráveis”, afirmou o diretor do JRS Portugal, esta segunda-feira.

No Centro Universitário Padre António Vieira, em Lisboa, André Costa Jorge explicou que quem fica na Síria são “os mais vulneráveis”.

Aproveitando a presença em Portugal dos padres Jesuítas Fouad Nakhaleh e Gonçalo Castro Fonseca, organizaram a conferência ‘Não esquecemos a Síria’ porque não esquecem “a situação concreta que as pessoas vivem, as razões porque abandonam os seus países”.

“Ninguém escolhe ser refugiado”, realçou o diretor do JRS Portugal, observando que “não basta só olhar para o problema”, é necessário “dar lugar à esperança”.

O padre Fouad Nakhaleh, diretor do JRS Síria desde julho de 2016, explicou que este serviço teve início em 2008 com o objetivo de “acolher e ajudar, sobretudo no ensino do inglês”, refugiados iraquianos.

Em 2011, quando começou o conflito, tiveram de direcionar o apoio para o próprio povo e “foi muito exigente”.

Foto: Ricardo Perna/Família Cristã

Num país em guerra há 7 anos, entre o regime do presidente Bashar al-Assad e a oposição, promover a paz é uma necessidade, um diálogo que começa pelas crianças, que “não conhecem outra realidade”, e “ajudam a que tenham memórias de paz”.

Atualmente, a Síria vive uma “fase de transição”, sem necessidade de resposta de emergência e a aposta “é o futuro”, estão a construir um centro comunitário, um espaço para acolher muitas mais pessoas – para a “promoção da justiça, da paz”, entre outros serviço e apoio.

O jesuíta português acrescentou que “desde a Páscoa as condições são mais segura”, “não há risco de cair uma bomba ao lado”.

“Nunca me passou pela cabeça vir embora”, disse o padre Gonçalo Castro Fonseca que, está na Síria desde outubro de 2017, e é o responsável por um centro que recebe crianças e famílias em Damasco.

“Fui aprendendo tanto de vida, a imensa força que as pessoas têm. Acho que a força que vou tento é graças também ao que vou vendo e vão transmitindo”, desenvolveu.

O portal ‘Ponto SJ’, da Companhia de Jesus em Portugal, entrevistou os dois sacerdotes que têm como motivação “o mesmo desejo” de “levar esperança aos que sofrem com a guerra”.

Para o diretor do Serviço Jesuíta aos Refugiados da Síria, “agora a vida corre com alguma naturalidade”.

“Entre 2000 e 2002 houve uma grande evolução em termos económicos; por volta de 2012 começou a crise e houve uma grande mudança que afetou toda a gente”, desenvolveu o padre Fouad Nakhaleh, que nasceu numa pequena cidade montanhosa a norte de Damasco.

A trabalhar “mais na retaguarda”, mas com experiência de terreno, explica que “não é fácil integrar o que se vai sentido”, no contacto com “pessoas em grande vulnerabilidade e sofrimento”.

Segundo o diretor do JRS Síria, “a crise quebrou” laços de confiança entre 18 minorias religiosas e, também, nas próprias minorias porque “tornou as pessoas mais desconfiadas”, mas na sua génese, “a sociedade síria é de mistura e de relações, de interconexões”.

“Nada se resolverá sem justiça, verdade e educação”, refere o padre Fouad Nakhaleh sobre a realidade atual mais pacífica num país há 7 anos em guerra, uma situação que “desafia muito” a vida espiritual.

O padre Gonçalo Castro Fonseca, que foi para a Síria, “depois de um processo interior” e de um apelo do superior-geral aos Jesuítas, revela que se “não houvesse tantos interesses políticos, a guerra já teria acabado”.

Na entrevista, o sacerdote português realça que há mitos que “não são culpa das pessoas” e é preciso ter cuidado, por isso, aconselha a “não confiar nos meios de comunicação social que são muito influenciados pelos meios americanos”, a “questionar se a informação é realmente fiável” e “deixar de pensar nos sírios como “coitadinhos””.

Em 2016, o JRS Síria “serviu e acompanhou cerca de 220 mil pessoas”.

A quarta oradora da conferência foi a colaboradora síria Ghalia Taki, que faz um trabalho de interpretação e acompanha equipas da PAR – Plataforma de Apoio aos Refugiados em Portugal.

CB/OC

https://www.facebook.com/jrsportugal.pt/videos/2196816733668841/

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Agência ECCLESIA

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