Solidariedade: Hospital e Universidade no Curdistão iraquiano asseguram presença «cristã» na região

Arcebispo católico em Erbil fala no regresso de famílias, depois da presença do Daesh

Visita da imagem de Nossa Senhora de Fátima em 2017, Foto: Paróquia de Cascais

Lisboa, 29 jul 2019 (Ecclesia) – A comunidade cristã no Curdistão iraquiano vai inaugurar, no final do verão, um hospital católico Maryamana em Erbil, futuramente universitário, dedicado a Maria, assinalando a “importância” da presença da comunidade cristã e a ajuda às populações na região.

A inauguração “formal” do estabelecimento hospitalar vem juntar-se à presença da Universidade Católica de Erbil, aberta em 2016, constituindo uma “ajuda significativa às comunidades cristãs restabelecidas na Planície de Nínive, bem como à comunidade cristã local do Curdistão”, revela à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (FAIS) D. Bashar Warda, sacerdote redentorista e arcebispo católico iraquiano em Erbil.

Desde 2014, aquando da ocupação da região pelo Daesh, o auto-proclamado Estado Islâmico, que a arquidiocese de Erbil acolheu mais de 120 mil cristãos que fugiram à invasão, indica a FAIS, registando o regresso de cerca de 40 mil fiéis às suas casas.

“No entanto, milhares de famílias cristãs fizeram do Curdistão o seu lar permanente. Ambas as instituições são sinal do compromisso da Arquidiocese local no acolhimento da comunidade cristã que demandou a região no seguimento da ocupação das suas terras, especialmente na Planície de Nínive, durante o verão de 2014”, dá conta um comunicado da FAIS enviado à Agência ECCLESIA.

Prestar cuidados de saúde “eficazes e acessíveis numa região devastada pela guerra e completamente destituída de recursos e equipamento moderno” é o principal objetivo do Hospital dedicado à Virgem Maria, explica o arcebispo, motivo acrescido pela oferta de emprego que dá ao local.

A ausência de estruturas é, segundo o responsável católico, consequência direta da guerra mas também da “inatividade do Governo”.

“É provável que na próxima década haja ainda mais refugiados, deslocados internos e idosos em necessidade”, sugere.

O arcebispo assegura que “qualquer pessoa, seja qual for a sua religião ou raça, pode receber tratamento no Hospital Maryamana” manifestando, desta forma, a missão da Igreja e a importância da comunidade católica na sociedade iraquiana.

“Temos esperança que o Hospital também facilite os nossos esforços de reconciliação comunitária cuidando das necessidades de saúde de membros de outras religiões”, disse o Arcebispo Caldeu à FAIS.

O hospital vai disponibilizar 70 camas e sete salas de operação, estando equipado com laboratório atualizado, farmácia, testes de diagnóstico e com capacidade para assistir 300 pessoas diariamente em regime de ambulatório; tem ainda previsto centro de oncologia.

O objetivo é que a unidade hospitalar possa, “dentro de três anos” ser um hospital universitário, avança D. Bashar Warda.

No Curdistão existe mais de 1 milhão de refugiados e centenas de milhares de idosos; as clínicas em Erbil dão assistência a mais de mil pacientes todos os meses, indica a FAIS.

“Há cerca de dois mil pacientes com doença crónica que dependem da nossa clínica local de S. José para poder ter acesso a medicamentos muito dispendiosos”, afirma o responsável católico, referindo-se a uma unidade hospitalar apoiada diretamente pelos benfeitores portugueses da Ajuda à Igreja que Sofre.

LS

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