Fundação pontifícia incentiva a «ajudar uma das comunidades mais perseguidas»
Lisboa, 03 mar 2023 (Ecclesia) – A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) está a promover uma “grande campanha de apoio à Igreja na Nigéria”, país de África onde os cristãos são “alvos constantes de ataques e perseguição”, ao longo do tempo da Quaresma.
“Não imaginava que iria ver o sofrimento humano desta maneira. Aldeias queimadas, pessoas a serem mortas em suas casas, algumas que não conseguiram sequer enterrar os seus mortos, porque foram alvejadas no mato como se fossem animais selvagens”, disse o padre Remigius Ihyula, da Diocese de Makurdi, à AIS, na informação enviada hoje à Agência ECCLESIA.
Esta diocese nigeriana tem dois milhões de deslocados internos, sete campos de reassentamento, que fugiram da violência do grupo terrorista Boko Haram, que quer transformar o norte do país num califado e que colocou os cristãos na mira das suas armas, em 2022 foram raptados 28 sacerdotes e quatro foram assassinados.
“Ser padre, na Nigéria, envolve o risco de ser raptado; Um homem de motocicleta olhou para mim com desconfiança, eu estava de batina e fiquei logo alarmado”, acrescenta o padre Andrew Danjuma, sacerdote na Diocese de Jos, “uma das mais atingidas pelo flagelo dos raptos.
Estes são exemplos de testemunhos que a Fundação AIS está a usar na campanha mundial ‘SOS Cristãos da Nigéria’, que tem o objetivo de apoiar a comunidade cristã, mas também sensibilizar a “opinião pública para uma realidade que, tantas vezes, é completamente desconhecida”.
A organização internacional informa que a Nigéria, com cerca de 206 milhões de habitantes, é o país mais populoso de África, é a maior economia, e é também um dos países onde os cristãos mais são perseguidos “e onde, por vezes, vivem na maior pobreza”.
No país também há o rapto de jovens, especialmente raparigas, como Leah Sharibu, jovem cristã raptada de uma escola em Dapchi, há cinco anos, quando o Boko Haram levou à força 110 alunas, e, como recusou renunciar à sua fé, ficou em cativeiro, depois de todas serem libertadas, com apenas 14 anos de idade.
“É preciso que o mundo conheça estas histórias, é preciso que o mundo saiba que na Nigéria os Cristãos são perseguidos de forma brutal por grupos jihadistas, como o Boko Haram, mas também pelas próprias autoridades, pelo Governo, que os discrimina”, assinala a diretora da Fundação AIS em Portugal.
Catarina Martins de Bettencourt afirma que os cristãos da Nigéria “são verdadeiros heróis” que arriscam a vida pela sua fé e são, para todos, “um enorme exemplo de coragem, de abnegação”.
“Temos o dever de os ajudar, temos o dever de responder aos seus apelos”, acrescentou.
A fundação internacional assinala que a insegurança na Nigéria tem crescido de ano para ano e o número de projetos que apoia neste país também tem aumentado.
As histórias presentes na campanha ‘SOS Cristãos da Nigéria’ são “reais de pessoas concretas” que simbolizam a “Igreja mártir e corajosa em África”, como o jovem seminarista Michael Nnadi, de 18 anos, que foi raptado com mais três colegas, em janeiro de 2020, foi assassinado e também ficar perpetuado no ‘Memorial dos Mártires’, que está a ser construído com o apoio da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre.
CB