Solidariedade: Diretor do Serviço Jesuíta aos Refugiados partilha preocupações e alertas no acolhimento

André Costa Jorge identifica a ter atenção como o tráfico de pessoas, a saúde mental, o acesso ao trabalho

Foto: Cáritas Polónia

Lisboa, 26 mar 2022 (Ecclesia) – O diretor do Serviço Jesuíta aos Refugiados-Portugal (JRS) afirmou que o voluntarismo que “caracteriza muitas vezes a onda de solidariedade”, que se verifica atualmente com os ucranianos, também encerra “algumas limitações”, e partilhou preocupações e alertas à Agência ECCLESIA.

“O voluntariado, a iniciativa solidária, é boa em si mesma mas também arrasta ou traz novos problemas e novos desafios: As pessoas disponibilizaram-se para acolher mas é preciso ajudar a definir os critérios do acolhimento, como se faz o acolhimento, e ajudar quem quer ajudar a fazer um bom trabalho”, disse André Costa Jorge.

Na entrevista que vai ser transmitida este domingo no Programa ‘70X7’, pelas 17h30, na RTP2, o responsável português deseja que o “bem”, que está na base e no espírito das pessoas que se juntam para ajudar os refugiados ucranianos, “seja o mais bem feito possível, para que a vida das pessoas que acolhem esteja salvaguardada”.

O Serviço Jesuíta aos Refugiados-Portugal é a atual entidade coordenadora da Plataforma de Apoio aos Refugiados, duas estruturas essenciais neste momento de emergência humanitária com a guerra na Ucrânia.

André Costa Jorge, que é o responsável pelas duas organizações, partilha também alertas e preocupações que é necessário ter neste acolhimento, como a atenção ao tráfico de seres humanos, que percorre várias etapas, “ainda dentro da Ucrânia, nos países de trânsito, quer nos países de acolhimento”.

“As pessoas potencialmente vítimas de tráfico são as crianças e as mulheres: Justamente o perfil a vir neste fluxo migratório”, observou.

Para este responsável, é muito importante que as pessoas que participam “estarem sensíveis e sensibilizadas para alertar as autoridades” sempre que existir algum tipo de risco identificado com estas ações.

O diretor do JRS Portugal, e coordenador da PAR, identifica “outros riscos”, como o acolhimento não estar a ser feito da melhor maneira, porque “é importante garantir estabilidade, boa articulação, com os serviços de saúde”.

Neste contexto, André Costa Jorge revela a saúde mental das pessoas que se está a acolher, “das crianças e das mulheres”, é um aspeto que o tem “preocupado bastante”.

O entrevistado destaca também que o acesso ao mercado de trabalho “é muito importante” que se realize com direitos e também aqui “não haja situações de injustiça ou abuso”.

André Costa Jorge assinala que a par da mobilização para a solidariedade, a sua organização “é um aspeto muito importante” e é definidor da forma como querem “proceder nesta crise”, e como têm atuado nas respostas da sociedade civil, em 2015, como “princípio fundador” da PAR”, como nas várias alturas em que foram “chamados a organizar o acolhimento de refugiados em Portugal”.

“A mais recente, ainda antes da crise na Ucrânia, foi o acolhimento de cerca de 300 refugiados afegãos que estão a ser acolhidos e acompanhados por nós um pouco por todo o pais, utilizando este recurso fantástico que é a rede de pessoas, cidadãos, instituições da plataforma”, exemplificou.

O diretor do Serviço Jesuíta aos Refugiados-Portugal alerta que estão “particularmente preocupados” com a situação que se vive no Afeganistão, e adianta que continuam a chegar à organização “relatos de vários tipos de crimes cometidos sobre a população pelo regime talibã”, bem como “pedidos de auxílio e evacuação”.

André Costa Jorge indica também que as “situações dramáticas, de naufrágios e mortes” no Mar Mediterrâneo não desapareceram, e é preciso “não baixar os braços”, para além de continuar com “programas de reinstalação”.

HM/CB

 

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