Presidente da organização alerta para situação financeira «muito débil», por causa do «aumento enorme de custos» e da não atualização dos protocolos com o Estado
Lisboa, 16 dez 2022 (Ecclesia) – A Comunidade ‘Vida e Paz’, instituição do Patriarcado de Lisboa, realiza a 34.ª Festa de Natal para as pessoas em situação de sem-abrigo, entre hoje e domingo, de 16 a 18 de dezembro, na Cantina da Cidade Universitária.
“Festa destinada especialmente aos convidados que são as pessoas em situação de sem-abrigo, numa contingência temporal da sua vida em que esperamos ajudá-las a reencontrar o sentido e a saírem dessa contingência que esperamos seja momentânea”, disse o presidente da Comunidade Vida e Paz, em entrevista ao Programa ECCLESIA que é emitida hoje, pelas 15h00, na RTP2.
O diácono permanente Horácio Félix assinala que esta é a “festa maior” da Instituição Particular de Solidariedade Social, tutelada pelo Patriarcado de Lisboa, “é a festa da Comunidade ‘Vida e Paz’”, mas, depois, têm uma série de festas nos centros de recuperação, “nas 22 respostas sociais diferenciadas”, onde ajudam as pessoas.
A 34.ª Festa de Natal para as Pessoas em Situação de Sem-Abrigo da Comunidade Vida e Paz decorre entre hoje e domingo: neste primeiro dia, abre portas às 15h00, até às 22h00; sábado, entre as 10h00 e as 22h00, e no domingo, um dia aberto, termina às 20h00; o cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, preside à Eucaristia, às 11h00, na Cantina da Cidade Universitária.
“É um momento muito significativo para a Comunidade Vida e Paz, durante três dias procuramos receber os nossos convidados, que são as pessoas que estão em situação de sem-abrigo ou em situação de vulnerabilidade social, e procuramos que para além de terem a possibilidade de estarem numa festa possam cumprir uma série de objetivos”, realçou a diretora-geral da Comunidade Vida e Paz, também em entrevista à Agência ECCLESIA.
Renata Alves explica que os convidados desta festa de Natal vão ter acesso a serviços que “na verdade estão muito privados ao longo dos dias”, como o Cartão de Cidadão, terem atendimento da Santa Casa da Misericórdia, da Segurança Social, do IEFP, o organismo do Estado dedicado ao emprego e à formação profissional, têm consultas relacionadas com a área saúde, para além dos banhos, de barbeiro e cabeleireiro, acesso a roupa, e às refeições.
“O grande objetivo é podermos provocar a mudança nas pessoas em situação de sem-abrigo e através da relação que podemos estabelecer, ou aprofundar nestes dias, conseguirmos que a pessoa possa dar uma volta à sua vida e saia da situação em que se encontra”, desenvolveu.
O presidente da Comunidade Vida e Paz acrescenta que todas as noites as equipas de voluntários – cerca de 600, por quatro circuitos – visitam pessoas que estão em situação de sem-abrigo na cidade de Lisboa e na Amadora com “uma pequena ceia”, que é “motivo para chegarem junto à pessoa”, para a conhecerem, “saber o seu nome, as suas circunstâncias, e, a partir desse relacionamento, ajudá-la a mudar o seu sentido de vida”.
“Uma tarefa muito bonita e muito cristã, independentemente de serem ou não crentes”, salienta o diácono Horácio Félix.
Renata Alves destaca também que os voluntários são “determinantes” para esta festa de Natal, que “é sobretudo desenvolvida através do seu apoio desde a coordenação da festa até aos responsáveis”, que, nos dias anteriores, já entregaram o convite às pessoas em situação de sem-abrigo.
“Queremos acarinhá-los, queremos dar-lhes uma festa com a maior dignidade possível. Há todo um cuidado em estar com os convidados, em ouvir, em ajudá-los a pensar, a encaminhar para os serviços que possam necessitar e resolver, ou dar início a um processo de resolução dos problemas”, acrescentou a diretora-geral da Comunidade Vida e Paz, na entrevista que pode ser ouvida na manhã deste domingo (06h00), no Programa ECCLESIA, na Antena 1 da rádio pública.
O diácono Horácio Félix explica que o mediatismo gerado com a Festa de Natal para as pessoas em situação de sem-abrigo é uma oportunidade para dar destaque a esta realidade e alerta que a Comunidade está numa “situação financeira mesmo muito débil”, na sequência do “aumento enorme de custos”, aliado à não atualização dos protocolos, “nomeadamente na área da saúde”.
“Estamos a ultimar o orçamento para 2023, e não sei até que ponto não teremos de fechar respostas sociais, porque vai chegar a um tempo em que não há dinheiro para pagar os vencimentos ou os fornecedores”, disse o presidente da Comunidade Vida e Paz.
OC/CB/PR
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