Solidariedade: CNIS prepara resposta para internamentos sociais, libertando camas nos hospitais

Padre Lino Maia, eleito para novo mandato, teme cenário de instabilidade política que agrave crise

Agência Ecclesia/MC

Porto, 15 jan 2023 (Ecclesia) – O padre Lino Maia, reeleito este sábado para um novo mandato como presidente da Confederação Nacional das Instituições Sociais (CNIS), disse à Agência ECCLESIA e Renascença que o setor está a desenvolver respostas para os internamentos sociais nos hospitais.

“Apresentamos primeiro um modelo de solução e fizemos o levantamento de Instituições que podem absorver essas pessoas e já está a ser articulado um modelo de transporte, de passagem dessas pessoas para os lares das Instituições”, refere o responsável, na entrevista semanal conjunta que é emitida e publicada aos domingos.

Os casos de internamentos sociais de idosos, hospitalizados por não terem outro sítio para onde ir, chegavam a “quase 1500” segundo o último levantamento da CNIS.

O padre Lino Maia refere que a “solução” do setor social pode permitir que se libertem cerca de 700 camas hospitalares, precisando que serão necessárias “duas fases de atenção”

“Uma fase primária, que é de uns seis meses, em que estarão nos lares e precisam de cuidados de saúde e de uma espécie de readaptação à nova situação, que obriga a uma atenção especial”, precisa.

“Depois de readaptados, digamos assim, transitam para outras vagas nos lares, para continuarmos a poder receber mais pessoas e encaminhá-las para uma solução mais digna, de vida”, acrescenta o sacerdote.

O responsável liderou a única lista ao oitavo congresso eleitoral da CNIS que se realizou este sábado, em Fátima.

“Confiava que aparecessem outras pessoas, porque era necessário, considero necessário um rejuvenescimento, uma renovação no setor, na liderança do setor”, admite o presidente, que assume um sexto mandato consecutivo.

O padre Lino Maia realça que, nos últimos anos, os dirigentes das várias Instituições “souberam superar as dificuldades criadas pela pandemia” e o Governo “começou a despertar para a necessidade de pôr a Saúde também em articulação com a Segurança Social”.

“O aumento da esperança de vida não tem sido acompanhado com a qualidade que era necessária”, lamenta.

Atento às consequências sociais e económicas da guerra da Ucrânia e da escalada da inflação, o presidente da CNIS destaca o trabalho feito para inverter “uma situação gravosa” na vida das Instituições Sociais, apontando aos compromissos assumidos pelo Governo até 2024.

O entrevistado assume a possibilidade de novas eleições antecipadas, desejando “estabilidade” e que o executivo “governe bem”.

Questionado sobre as medidas adotadas para combater a crise, o responsável diz que as mesmas foram “insuficientes”, nomeadamente em relação ao “aumento dos custos com a alimentação”.

“Vejo que, por exemplo, aqui ao lado, na Espanha, foram adotadas medidas diferentes, libertando a alimentação de IVA, por exemplo. Eu penso que isso devia ter sido também feito em Portugal”, declara.

O padre Lino Maia questiona uma “excessiva intromissão do Estado na gestão quotidiana das Instituições” e recorda que o setor emprega mais de 250 mil pessoas, reforçando o desejo de que possa estar representado em sede de Concertação Social.

Henrique Cunha (Renascença) e Octávio Carmo (Ecclesia)

 

 

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