Organização católica vai oferecer vales de compras a cerca de 500 famílias
Lisboa, 23 abr 2020 (Ecclesia) – O presidente da Cáritas Portuguesa afirmou que o lançamento de um fundo de 130 mil euros em ajuda alimentar responde ao aumento de pedidos de ajuda para “bens essenciais”, desde o início da crise da Covid-19.
“Quando acontecem estas crises, como esta que com certeza vai agravar-se muito, aparece sempre um novo perfil de pessoas que recorrem aos nossos atendimentos que o povo designa pelos pobres envergonhados”, referiu Eugénio Fonseca, em entrevista transmitida hoje no Programa ECCLESIA (RTP2).
O fundo de emergência centrado na ajuda alimentar tem um valor de 130 mil euros e o apoio na aquisição de alimentos e bens essenciais vai chegar a 2 mil pessoas (aproximadamente 500 famílias), através das várias Cáritas Diocesanas, com a distribuição de vales de compras.
“Todas as pessoas têm de ser tratadas com dignidade, procurando sempre defender a sua privacidade: a opção por estes vales de compras tem esse objetivo, fazer com que as pessoas não sintam qualquer tipo de pejo em se dirigir a centros comerciais, supermercados, mercearias e utilizem estes tickets de alimentos”, precisou Eugénio Fonseca.
“Não ficam anuladas as ações que no campo da segurança alimentar a Cáritas vem praticando, como outras organizações, que é fornecimento de alimentos confecionados e o fornecimento de géneros alimentares”, acrescentou.
O presidente da Cáritas Portuguesa precisa que têm chegado informações de que aumentou a procura a bens essenciais, “concretamente bens alimentares”, de “praticamente todas as 20 Cáritas diocesanas”, com o início da pandemia do novo coronavírus.
Em causa estão famílias cujos rendimentos foram afetados pelas medidas de isolamento social e pelo estado de emergência, na atual pandemia de Covid-19.
“Pessoas que caíram na situação de falta de recursos financeiros porque diminuiu o salário, como estamos agora a constatar pela lay-off, perda de posto de trabalho, nem todos com direito a subsídio de emprego, e e provêm da chamada classe média e classe média-baixa”, desenvolveu.
Eugénio Fonseca acrescenta que algumas Cáritas Diocesanas estão a duplicar o número de atendimentos que estavam a fazer, num momento em que estes tinham diminuído “dada a recuperação económica do país nos últimos tempos”.
A pandemia de Covid-19 originou também o cancelamento do peditório nacional Cáritas e com a suspensão das Missas, também no mês de março, a organização católica também não recebeu o valor dos ofertórios nas Eucaristias do Dia Cáritas 2020.
O presidente da instituição explicou que a realização de uma campanha de apoio nacional à Cáritas Portuguesa “terá de ser acordado com as Cáritas diocesanas e episcopado” mas admite que já se começam a sentir “dificuldades em responder aos pedidos”.
A rede nacional Cáritas dá, anualmente, resposta a cerca de 100 mil pessoas no atendimento nacional e 40 mil pessoas em respostas sociais.
Eugénio Fonseca adiantou que têm surgido “iniciativas particulares a favor da Cáritas”, como uma empresa que “vai produzir 100 mil litros de gel e, por cada litro, vai oferecer um euro”, para além da Fundação das Caixas Agrícolas, que vai apoiar em materiais de proteção.
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Covid-19: Cáritas Portuguesa lança fundo de emergência centrado na ajuda alimentar