Solidão agrava saúde dos idosos

Situação é uma das prioridades para responsáveis do Secretariado Diocesano da Pastoral da Saúde em Évora O impacto da solidão no estado de saúde das pessoas idosas preocupa os responsáveis pela Pastoral da Saúde na Arquidiocese de Évora. Os problemas de saúde que o actual prolongamento da vida traz, aliados à solidão e à falta de condições financeiras, fazem dos lares instituições “muito solicitadas para dar respostas às pessoas”, aponta à agência ECCLESIA. A temática esteve em análise nas Jornadas Pastorais da Saúde, no passado dia 17, numa organização do Secretariado Diocesano da Pastoral da Saúde. Esta não será uma realidade distante do contexto que os idosos encontram no resto do país, aponta o Director do Secretariado, o Pe. Agostinho Crespo Leal. O sacerdote aponta que no Alentejo “faz falta a horta, que o Norte tem e que muitas vezes ocupa os idosos”. O isolamento em casa ou nas instituições vota os idosos a uma solidão que aguça os problemas. O Director do Secretariado salienta a importância de os idosos se sentirem úteis e valorizados. O Director adianta que encontra instituições com “muito boas condições para assistir aos idosos”, garante. Mas, naturalmente as “boas condições não serão suficientes para dar uma qualidade de vida suficiente às pessoas em final de vida”. Um dos grandes factores para essa ineficácia é a solidão provocada pelo distanciamento dos familiares. “Para quem vive num lar, desligado da família, por melhores condições que lhe sejam oferecidas, não se garantem condições psicológicas”, aponta o Director. Perante o aspecto sociodemográfico dos portugueses onde a esperança de vida tende a aumentar graças às mudanças tecnológicas, novos fármacos e novas patologias a Jornada pretendeu reflectir sobre a necessidade de aceitar os desafios, nomeadamente a defesa inviolável da vida e perceber que as respostas não passam tanto pela criação de lares, como se supõe, mas antes por redes familiares e de voluntariado que humanizem cada vez mais a idade de ouro. No Alentejo “há muito cuidado com a saúde”, sublinha. O Pe. Agostinho Leal aponta que as instituições estão atentas. A União das Misericórdias, as paróquias e os próprios serviços sociais acompanham de perto muitos casos. O Pe Agostinho dá conta que há uma grande exigência interna para que os lares e instituições respeitem as condições da Segurança Social. A Pastoral da Saúde, centrada na dignidade da pessoa humana, “está especialmente vocacionada para alertar e sensibilizar as várias entidades que trabalham na área”. A maioria das paróquias na diocese de Évora está já dotada de uma unidade de pastoral da saúde. O Pe. Agostinho explica que este é um trabalho que está organizado e que vai chegando aos locais onde ainda é inexistente, mas aponta que a necessidade de formação “é uma constante”. A Pastoral da Saúde trabalha especialmente com três populações – a pessoa idosa, o doente e o deficiente. Há 21 anos que “trabalhamos nestas vertentes”, apostando na pessoa como “agente de evangelização”. O trabalho em rede existente entre paróquias e instituições é extensível às unidades hospitalares. “Em Centros de Saúde existem já experiências de voluntariado”, regista o Director que afirma que “este é um trabalho que nunca está feito”. A dispersão alentejana impõe que quem necessita de ajuda procure os centros povoados, nas sedes de Concelho. É nestes locais que as respostas são dadas. O Pe. Agostinho Leal refere que a dispersão já não é igual ao que era antes, “na altura em que as pessoas ficavam nos seus montes”. Uma lacuna que o Pe. Agostinho adianta existir é a ausência de uma unidade de cuidados paliativos. “Estamos sensibilizados e queremos fazer algo para concretizar essa necessidade”, explica, até porque, afirma, sentem falta. Enquanto a ausência persiste, os pacientes estão nos hospitais onde recebem o tratamento possível.

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