Sociedade: Valores de São Francisco de Assis continuam por concretizar

Responsável mundial dos franciscanos esteve em Portugal e desafiou congregação a mostrar que o que foi pregado «precisa de ser encarnado»

Fátima, Santarém, 09 out 2012 (Ecclesia) – O ministro geral dos Franciscanos diz que os valores defendidos por São Francisco de Assis continuam por concretizar, numa sociedade onde a vontade de mudança teima em não passar da palavra à ação.

“Hoje fala-se muito de ecologia e fraternidade, mas depois há pouco respeito pela natureza e quando se trata de aceitar quem pensa de maneira diferente, as pessoas constroem muros”, realça o frei José Rodriguez Carballo, em declarações à ECCLESIA.

Para o responsável mundial da Família Franciscana, que esteve sábado e domingo em Fátima a participar na peregrinação nacional da congregação religiosa, o santo italiano (1182-1226) “tem muito a dizer aos homens e mulheres de hoje”, em termos humanos, sociais e religiosos.

Um dos episódios mais marcantes da vida de São Francisco deu-se em 1218, no período da Primeira Cruzada, em que o frade foi ao encontro do sultão egípcio Al-Kamil com o objetivo de fazer a paz entre cristãos e muçulmanos.

“Agora que se fala tanto do diálogo inter-religioso, ele foi um profeta neste sentido, ensinando que o verdadeiro diálogo inter-religioso não consiste num corte com a própria identidade, mas no respeito pela identidade dos demais”, sublinha o frei José Rodriguez Carballo.

De acordo com o religioso espanhol, “o papel dos franciscanos e franciscanas é fazer com que esses valores se vivam hoje”.

“Somos poucos, não podemos pensar que vamos mudar o mundo de um momento para o outro, o importante é mostrarmos na nossa vida diária que o que São Francisco pregou e viveu precisa de ser encarnado, e então ajudaremos a transformar pouco a pouco a sociedade”, salienta.

O ministro geral, que falou em Fátima sobre Santa Clara de Assis, por ocasião dos 800 anos da fundação da Ordem das Clarissas, abordou a importância das “ordens de clausura”, muitas vezes vistas como estando “um pouco longe da realidade”.

Para o representante franciscano, “bastaria participar na oração das clarissas para dar conta de que elas vivem inseridas no mundo de hoje e levam na oração as esperanças, angústias, dificuldades e alegrias dos homens”.

“É um carisma muito atual porque vai ao essencial, deixando muitas coisas que são supérfluas”, conclui.

A Família Franciscana é atualmente constituída por cerca de 550 mil pessoas, distribuídas por três ordens distintas, a primeira composta pelos frades menores, os capuchinhos e os conventuais, a segunda pelas irmãs clarissas e a terceira pelos leigos.

PTE/JCP

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