Sociedade: «Ter uma morada» é principal pedido das pessoas em situação de sem-abrigo, revela auscultação da Comunidade Vida e Paz

«Falta de acesso a instalações sanitárias e condições precárias de higiene» é outra das conclusões enviadas em carta aberta a diferentes entidades

Foto: Comunidade Vida e Paz

Lisboa, 30 jan 2024 (Ecclesia) – A Comunidade Vida e Paz (CVP) anunciou hoje os resultados da auscultação “inédita” que promoveu,junto de pessoas em situação de sem-abrigo e vulnerabilidade social, identificando como uma das suas principais necessidades “ter uma morada”.

“Entre as principais conclusões foi possível confirmar que a aspiração de uma casa é algo transversal em todos os depoimentos, no entanto um dos apelos desta população é a necessidade de ter uma morada. A possibilidade de ter uma morada mesmo que temporária e/ou de errante é algo muito relevante”, pode ler-se na nota enviada à Agência ECCLESIA.

A auscultaçãom durante a última festa de Natal da CVP, incidiu sobre nove dimensões “consideradas críticas” – habitação, acompanhamento, residência/morada, segurança, higiene, alimentação, meios de transporte e saúde – e as conclusões enviadas numa carta aberta às entidades competentes, nas quais se incluem o presidente da República e presidentes de Câmara.

A “falta de acesso a instalações sanitárias e condições precárias de higiene” são outros dos aspetos “em evidência” assinalados pela comunidade.

A Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) realça que “as condições a que estão expostos podem levar a problemas de saúde e aumentar o estigma social”.

Esta dimensão tem impactado na sua autoestima e com a perceção social, particularmente de um empregador. Um maior número de balneários espalhados pela cidade e um maior número de lavandarias sem custos são apenas dois dos pontos mais valorizados” – CVP.

Foto: Comunidade Vida e Paz

A diretora-geral da Comunidade Vida e Paz, Renata Alves, afirmou que a instituição está consciente da “impossibilidade de responder de forma abrangente ao principal pedido da comunidade: uma casa”, contudo tem a convicção de que “é possível elaborar e executar planos que vão ao encontro das necessidades básicas de dignidade e cidadania inscritas na Constituição.

Além da habitação e higiene, a saúde mental é outro dos problemas identificados.

Segundo a CVP “as pessoas em situação de sem-abrigo frequentemente enfrentam problemas de saúde mental e física sem acesso adequado a cuidados médicos e suporte”.

Esta é uma dimensão pouco valorizada, onde há baixa expetativa e perceção de equidade. Uma maior valorização da saúde mental e emocional desta comunidade teria um impacto bastante relevante”.

A IPSS acompanha a população de pessoas em situação sem-abrigo e vulnerabilidade social “há 35 anos” e “quis ouvir, na primeira pessoa, as suas queixas e pedidos, por forma a lhes dar eco e promover a mudança, no sentido de lhes dar mais dignidade”.

Na 35ª Festa de Natal da Comunidade Vida e Paz, realizada em dezembro de 2023, foram acolhidas 1720 pessoas, um crescimento de 36% face ao ano anterior.

Esta é uma instituição que tem como missão “ir ao encontro e acolher pessoas em condição de sem-abrigo ou em situação de vulnerabilidade social, ajudando-as a recuperar a sua dignidade e a (re)construir o seu projeto de vida, através de uma ação integrada de prevenção, reabilitação e reinserção”.

LJ/OC

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Agência ECCLESIA

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