Sociedade: Secretário-geral do Instituto de Apoio à Criança diz que ninguém pode «silenciar» abusos (c/vídeo)

Manuel Coutinho fala no «crime mais hediondo»

Lisboa, 17 abr 2023 (Ecclesia) – O secretário-geral do Instituto de Apoio à Criança (IAC) considera que o abuso sexual é “o crime mais hediondo” que acontece contra pessoas vulneráveis, falando numa situação que “ninguém pode silenciar”.

“É uma situação dramática e o abuso sexual é o crime mais hediondo e o crime pior que pode acontecer a uma criança por isso ninguém pode silenciar”, disse Manuel Coutinho à Agência ECCLESIA.

“A pior coisa que se pode fazer é não fazer nada pela pessoa abusada”, prossegue.

Para o responsável do IAC, as crianças são “sempre as vítimas e os abusadores têm de ser responsabilizados, sejam eles padres, médicos, educadores, jornalistas ou psicólogos”.

A questão dos abusos sexuais, acrescenta, “é transversal” porque “acontece desde que existe a humanidade”.

Com 40 anos, o Instituto trabalha na defesa da promoção e dos direitos da criança tem por objetivo ajudar a viver com alegria o tempo da infância.

Para ajudar neste caminho, a instituição criou, em 2004, o número gratuito 11 60 00 com o intuito de acolher “as crianças abusadas sexualmente”.

Quem liga para o referido número encontra técnicos “que ouvem a criança e as crianças ouvem-se com o coração”, frisa o secretário-geral do IAC.

“Todas as pessoas que sabem de abusos têm que ligar e ninguém pode silenciar”, refere o responsável, em entrevista emitida hoje no Programa ECCLESIA (RTP2).

Manuel Coutinho entende que, se o crime acontecer “dentro da Igreja”, a atuação deve envolver o Ministério Público e também o Tribunal Eclesiástico.

“Todos têm de ser afastados enquanto existe uma suspeita dessa pessoa, principalmente se a pessoa está a trabalhar com crianças”, sustenta.

O entrevistado considera desejável que todos aqueles que trabalham com crianças, incluindo membros das várias Igrejas, entreguem “de seis em seis meses o seu registo criminal”.

Para secretário-geral do IAC, é necessário distinguir o debate sobre o celibato do abuso sexual de menores, lembrando que as crianças “são abusadas, principalmente, dentro das suas próprias famílias”.

Manuel Coutinho observa que os abusos sexuais acontecem em “todas as classes sociais, regiões do país e em todas as culturas”, falando mesmo em “culturas que ainda toleram serem os pais a iniciar as crianças na vida sexual”.

“Temos de combater essas ideias”, aponta.

PR/LFS/OC

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