Audiência pública do Papa com os peregrinos no Vaticano foi marcada pela problemática da distribuição injusta dos bens
Cidade do Vaticano, 07 nov 2018 (Ecclesia) – O Papa salientou hoje no Vaticano, durante a audiência pública com os peregrinos, a urgência de quebrar com o ciclo de desigualdade e injustiça social que marca a sociedade atual.
Na mensagem deixada na Praça de São Pedro, esta quarta-feira, Francisco assinalou que apesar de “o mundo ser rico em recursos para assegurar a todos os bens mais essenciais, muitos vivem numa escandalosa indigência”.
“A riqueza do mundo está hoje nas mãos de uma minoria, enquanto a pobreza, a miséria, o sofrimento tocam a vida de tantas pessoas, da maioria”, apontou o Papa argentino, para quem falta um tipo de “empreendedorismo” mais positivo, que “assegure uma distribuição mais equitativa dos bens”.
“Cada riqueza, para ser positiva, deve ter uma dimensão social”, frisou Francisco, que recordou que “ninguém é dono absoluto dos bens”.
“Possuir bens é uma responsabilidade, quando somos ricos de tudo isto é uma responsabilidade que temos. Aquilo que nos faz ricos não são os bens, mas sim o amor”, completou.
A catequese de hoje, na audiência do Papa com os peregrinos, era sobre o sétimo mandamento do Decálogo, ‘não roubar’, mas Francisco levou a reflexão para um sentido mais amplo, sobre a distribuição universal dos bens, apoiado na Doutrina Social da Igreja.
“O destino universal dos bens e a sua justa distribuição é anterior ao direito à propriedade privada, que deve estar em função das necessidades primárias das pessoas”, sustentou o Papa, que alertou para a “escravatura” dos bens, ou da posse, que muitas vezes marca as pessoas, e a atitude diferente que Cristo veio pregar ao mundo, ao nascer na humildade de um estábulo, numa manjedoura.
“Enquanto a humanidade está atarefada na busca de muitos bens, Deus a redime fazendo-se pobre. Aquele homem crucificado, esquecido por todos, um resgate inestimável de Deus, rico em misericórdia”, observou.
Na audiência pública com o Papa estiveram milhares de peregrinos provenientes de países como Brasil, Portugal, Dinamarca, Japão, Filipinas, Estados Unidos da América e também da região do Médio Oriente.
O Papa deixou uma saudação especial aos peregrinos polacos, que no próximo domingo (11 de novembro) se preparam para assinalar o centenário da independência do seu país.
“Que o povo polaco possa viver o dom da liberdade, na paz e na prosperidade”, desejou Francisco.
O Papa argentino lembrou também que esta sexta-feira, dia 9 de novembro, vai ser celebrada a dedicação da Basílica Lateranense, “a Catedral dos bispos de Roma, a Catedral do Papa”.
“Rezem por mim a fim de que confirme sempre todos os nossos irmãos na fé”, exortou.
A Basílica de Latrão, ou de São João de Latrão, é considerada a Igreja-mãe de Roma.
Este local de culto, dedicado primeiro ao Santíssimo Salvador e depois a S. João Batista, foi fundado pelo Papa Melquíades no ano 324, sobre a colina de Latrão.
É nesta Basílica que habitualmente o Papa celebra a Missa da Ceia do Senhor, na Quinta-feira Santa, do tempo pascal.
O aniversário da dedicação da Basílica Lateranense, no dia 9 de novembro, é celebrado como festa litúrgica desde o século XII.
JCP