Sociedade: «Muitos reclusos, em Portugal, são tratados como se fossem lixo» – Padre João Torres

Pároco de Priscos e assistente nos Estabelecimentos Prisionais de Braga e Guimarães diz que o presépio ao vivo é um objetivo de muitos presos e que nunca lhes deseja «Feliz Natal»

Foto Paulo Teixeira/Renascença, padre João Torres

Porto, 27 dez 2019 (Ecclesia) – O pároco de Priscos afirmou que o tempo em que há mais silêncio numa prisão é no Natal, disse que os presos têm no presépio ao vivo um objetivo e  que muitos reclusos “são tratados como se fossem lixo”.

“Muitos reclusos, em Portugal, são tratados como se fossem lixo”, afirmou o padre João Torres na entrevista desta semana à Agência ECCLESIA e à Renascença.

Para o pároco de Priscos e assistente nos Estabelecimentos Prisionais de Braga e Guimarães, Portugal tem um “tratamento especial para o lixo”, mas não tem um “tratamento especial” para os reclusos.

“Não temos é um tratamento especial para aquelas pessoas: elas cometeram um crime e estão a pagar por ele, mas vão voltar à rua”, alertou.

O padre João Torres denunciou a falta de investimento na reinserção dos reclusos, acentuando a via punitiva, e a falta de “um trabalho sério” na reinserção social” , tendo-se cometido o “erro grave” de “juntar os serviços prisionais à reinserção social”.

“A reinserção social em Portugal tem de ter mais meios, mais pessoas, mais financiamento”, afirmou.

Questionado sobre o ambiente do Natal nas prisões, o padre João Torres disse que é o dia em que “existe mais silêncio”, acrescentando que nunca deseja ‘Feliz Natal’.

“Eu nunca desejo a nenhum recluso ‘Feliz Natal’. Porque não é feliz Natal: estão longe da família, num ambiente que é frio”, afirmou.

Na entrevista desta semana à Agência ECCLESIA e à Renascença, o coordenador do Presépio ao vivo de Priscos valorizou o projeto ‘Mais Natal Priscos’ que, desde há cinco anos, inclui um grupo de reclusos nos trabalhos de preparação do presépio.

“Qualquer recluso que lhe seja proposto este projeto, não olha para trás”, afirmou o padre João Torres, que é também assistente nos Estabelecimentos Prisionais de Braga e Guimarães.

“Estamos a falar de liberdade entre as 8h30 e as 17h00, de um ambiente que tentamos que seja o máximo familiar possível (eles não estão num “jardim zoológico”), fazem todo tipo de trabalhos, aprendem um ofício e são remunerados”, referiu.

O padre João Torres lembrou que já passaram pelo Presépio ao vivo de Priscos cerca de 40 reclusos, tratados não como escravos, mas como “pessoas que cometeram um crime”, “pagaram por ele” e com “todo o direito de voltar à sociedade e voltar a sonhar”.

“Em Braga, quando se pergunta um recluso ‘o que é que tu esperas nos próximos tempos?’, eu fico muito feliz quando ele diz ‘eu espero chegar a Priscos’. Deveria haver mais estabelecimentos, em Portugal, onde o recluso dissesse ‘eu quero chegar àquele patamar’, que significa liberdade, mas também responsabilidade”, afirmou.

O pároco de Priscos, que iniciou o Presépio ao vivo em 2006, disse que o objetivo do projeto não é ser “o maior da Europa”, antes “proporcionar um encontro entre pessoas, que sejam capazes de adotar o estilo de Jesus”.

“O Natal é a figura do Menino Jesus, de um São José humilde e de uma mãe fantástica, Maria, cheia de surpresas interiores, porque Deus lhe deu um presente e ela ainda está a descobrir qual é, aquele Menino pequenino”, afirmou.

O Presépio ao vivo de Priscos envolve perto de 800 participantes, num espaço com 30 000 m2, com 90 cenários referentes às culturas egípcia, judaica, romana, assíria, grega e babilónica.

No próximo ano, o padre João Torres disse que vai construir “um acampamento militar para as pessoas verem quanto dinheiro se gasta na guerra e quanto pouco dinheiro se gasta a construir a paz”.

O pároco de Priscos afirmou que a ocasião em que há mais silêncio numa prisão é no Natal, disse que em Portugal esquece-se a reinserção dos reclusos e que os presos têm no presépio ao vivo um objetivo.

“Qualquer recluso que lhe seja proposto este projeto, não olha para trás”, afirmou o padre João Torres, que é também assistente nos Estabelecimentos Prisionais de Braga e Guimarães.

Na entrevista desta semana à Agência ECCLESIA e à Renascença, o coordenador do Presépio ao vivo de Priscos valorizou o projeto ‘Mais Natal Priscos’ que, desde há cinco anos, inclui um grupo de reclusos nos trabalhos de preparação do presépio.

“Estamos a falar de liberdade entre as 8h30 e as 17h00, de um ambiente que tentamos que seja o máximo familiar possível (eles não estão num “jardim zoológico”), fazem todo tipo de trabalhos, aprendem um ofício e são remunerados”, referiu.

O padre João Torres lembrou que já passaram pelo Presépio ao vivo de Priscos cerca de 40 reclusos, tratados não como escravos, mas como “pessoas que cometeram um crime”, “pagaram por ele” e com “todo o direito de voltar à sociedade e voltar a sonhar”.

“Em Braga, quando se pergunta um recluso ‘o que é que tu esperas nos próximos tempos?’, eu fico muito feliz quando ele diz ‘eu espero chegar a Priscos’. Deveria haver mais estabelecimentos, em Portugal, onde o recluso dissesse ‘eu quero chegar àquele patamar’, que significa liberdade, mas também responsabilidade”, afirmou.

O padre João Torres é assistente nos Estabelecimentos Prisionais de Braga e Guimarães e denuncia a falta de investimento na reinserção dos reclusos, acentuando a via punitiva.

“Vou dizer uma coisa que não é muito simpática de se ouvir: muitos reclusos, em Portugal, são tratados como se fossem lixo. E em Portugal já temos um tratamento especial para o lixo. Não temos é um tratamento especial para aquelas pessoas: elas cometeram um crime e estão a pagar por ele, mas vão voltar à rua”, alertou.

Para o coordenador da pastoral nas prisões, em Braga, Portugal não tem “um trabalho sério” na reinserção social” e “cometeu-se um erro grave” de “juntar os serviços prisionais à reinserção social”.

A reinserção social em Portugal tem de ter mais meios, mais pessoas, mais financiamento”, afirmou.

Questionado sobre o ambiente do Natal nas prisões, o padre João Torres disse que é o dia em que “existe mais silêncio”, acrescentando que nunca deseja ‘Feliz Natal’.

“Eu nunca desejo a nenhum recluso ‘Feliz Natal’. Porque não é feliz Natal: estão longe da família, num ambiente que é frio”, afirmou.

O pároco de Priscos, que iniciou o Presépio ao vivo em 2006, disse que o o objetivo do projeto não é ser “o maior da Europa”, antes “proporcionar um encontro entre pessoas, que sejam capazes de adotar o estilo de Jesus”.

“O Natal é a figura do Menino Jesus, de um São José humilde e de uma mãe fantástica, Maria, cheia de surpresas interiores, porque Deus lhe deu um presente e ela ainda está a descobrir qual é, aquele Menino pequenino”, afirmou.

O Presépio ao vivo de Priscos envolve perto de 800 participantes, num espaço com 30 000 m2, com 90 cenários referentes às culturas egípcia, judaica, romana, assíria, grega e babilónica.

No próximo ano, o padre João Torres disse que vai construir “um acampamento militar para as pessoas verem quanto dinheiro se gasta na guerra e quanto pouco dinheiro se gasta a construir a paz”.

Entrevista conduzida por Henrique Cunha (Renascença) e Paulo Rocha (Agência ECCLESIA)

PR

Priscos: Um Presépio ao vivo que devolve a reclusos o «sonho de viver»

 

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