Sociedade: «Maioria dos migrantes e refugiados não consegue aceder ao mercado de habitação privado» – JRS-Portugal (c/vídeo)

Nova plataforma online quer ajudar quem chega ao país, na busca de casa, sensibilizando senhorios

Lisboa, 15 mai 2023 (Ecclesia) – O diretor do Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS) em Portugal considera que os preços da habitação se tornaram “muito gravosos” para os migrantes, exigindo novas respostas políticas e da sociedade civil.

“A grande maioria dos migrantes e refugiados não consegue aceder ao mercado de habitação privado, apesar de a Constituição Portuguesa definir que o acesso à habitação é um dos direitos fundamentais”, realçou André Costa Jorge à Agência ECCLESIA.

Para o responsável, os portugueses estão “muito longe de poder oferecer essa acessibilidade à população em geral e, em particular, à população mais vulnerável”.

Se o acesso à habitação é “um desafio que afeta todos em Portugal, para as pessoas refugiadas, as dificuldades são acrescidas”, salienta.

A JRS criou, há quatro anos, um Gabinete de Habitação, antecipando questões que estão agora na “ordem mediática do dia”, nomeadamente “a questão da inflação e a subida dos juros”, frisou André Costa Jorge.

Um gabinete que pretende promover um encontro “entre a oferta e a procura”, acrescenta o diretor da JRS.

O JRS-Portugal e a Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR) lançaram o projeto ‘A_REDE’, uma plataforma que pretende “ajudar as famílias de refugiados” a encontrar habitação em Portugal, com contratos de arrendamento mínimos de um ano.

Vasco Passanha, do Gabinete de Habitação do JRS-Portugal, disse que a “garantia” dos refugiados em relação aos senhorios é “o contrato de trabalho”.

A ideia é mostrar, através ‘A_REDE’, exemplos “positivos” de refugiados que têm “feito os pagamentos das rendas e têm mantido as casas em ordem”, sublinhou, em entrevista emitida hoje no Programa ECCLESIA (RTP2).

Este projeto convida os senhorios “a colocar-se na sua pele e o impacto que poderão ter na vida de quem foi forçado a deixar tudo para trás”, completa André Costo Jorge.

Estamos a falar de pessoas que não têm amigos ou familiares em Portugal que as ajudem a superar as exigências do mercado de arrendamento privado”.

A plataforma online ‘A_REDE, “iniciativa pioneira em Portugal”, tem como missão criar “as condições necessárias” para que os refugiados possam recomeçar os seus projetos de vida em Portugal” e pretende “reforçar” a capacidade de mobilização da sociedade para a inclusão de refugiados no território nacional.

‘Uma nova casa. Um novo começo’ é o lema de ‘A_REDE’, que procura oferecer contratos de arrendamento mínimos de um ano, colocando estas famílias em contacto com pessoas que tenham “casas para arrendar a preços acessíveis”.

As organizações informam que no sítio online da plataforma, www.a-rede.pt, quem quiser pertencer a esta rede, financiada através de um projeto aprovado pela FAMI (Fundo Asilo, Migração e Integração), pode preencher um formulário com as características dos imóveis e outros espaços que tenham disponíveis, e as condições de arrendamento”.

Uma forma de mostrar também o “lado solidário” dos senhorios e criar um “clima de confiança”, esclareceu o diretor do JRS-Portugal.

O Serviço Jesuíta aos Refugiados é uma organização Internacional Católica que tem como missão ‘Acompanhar, Servir e Defender’ pessoas imigrantes e refugiadas em situação de particular vulnerabilidade, presente em 56 países no mundo; em Portugal, o JRS foi criado em 1992 e, desde então, presta serviços em Lisboa e no Porto, e, desde 2018, coordena a Plataforma de Apoio aos Refugiados.

A PAR é uma rede de organizações da Sociedade Civil que surgiu, no verão de 2015, mais de 350 organizações portuguesas, para dar resposta à crise mundial de refugiados, em especial à situação vivida na Europa, com a entrada de mais de 1,02 milhões de pessoas, segundo dados da Organização das Nações Unidas, requerentes de asilo pelas ilhas gregas e por Itália.

HM/LFS/OC

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