Sociedade: Igrejas e comunidades religiosas afirmam «valores da liberdade»

Comissão da Liberdade Religiosa tem novo presidente e equipa de trabalho

Lisboa, 09 set 2016 (Ecclesia) – O secretário da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) referiu na tomada de posse da Comissão da Liberdade Religiosa (CLR) que as expectativas são que esse organismo “funcione naturalmente bem”.

O padre Manuel Barbosa representou a Igreja Católica em Portugal no "ato solene de leitura" e assinatura da 'Declaração pela Paz e pelo Diálogo'.

19 igrejas e comunidades religiosas assumiram o “compromisso claro e indefetível de uma cultura da não-violência, da paz e da justiça”, na segunda-feira, na Fundação Calouste Gulbenkian.

À Agência ECCLESIA, o secretário da CEP assinalou que a declaração encaminha para que continuem “em conjunto, com o apoio da CLR, a afirmar os valores da liberdade” nas várias dimensões que são inerentes tanto à Igreja Católica como às comunidades religiosas presentes em Portugal.

A Conferência Episcopal Portuguesa designou como representantes da Igreja Católica na CLR o padre Manuel Saturino Gomes, auditor do Tribunal da Rota Romana no Vaticano, e o teólogo Alfredo Teixeira, da Universidade Católica Portuguesa que “certamente serão voz ativa”, referiu o padre Manuel Barbosa.

Também presente na sessão de tomada de posse do novo presidente e equipa da CLR, o historiador e professor universitário Paulo Fontes destacou que “é importante” essa reativação para que “se aprofunde e prossiga com utilidade” o modelo português de “laicidade inclusiva”, do ponto de vista das relações Igreja-Estado, Estado-Igrejas e comunidades religiosas.

O diretor do Centro de Estudos de História Religiosa, da Universidade Católica Portuguesa (UCP), assinalou a importância da “valorização” da “diversidade religiosa, cultural” e, ao mesmo tempo, que se possa “servir de referência” para outros países que também têm diversidade, “até maior”, por “fenómenos migratórios ou tradições mais longínquas”, mas “hoje têm dificuldades de enquadrar e de integrar” nas sociedades as dinâmicas religiosas das pessoas e das instituições.

“Portugal tem tradição positiva talvez por ser mais recente e ao mesmo tempo grande numericamente é circunscrita a certas faixas do território mais litoral e mais urbano”, acrescentou o investigador à Agência ECCLESIA.

Neste contexto, o historiador da UCP comentou ainda que tem acompanhado a tendência proibicionista em França e revelou “alguma preocupação” porque o debate atual mostra “um certo enquistamento” de posições e dificuldade na atual circunstância quando “o mais importante seria esse modelo de laicidade inclusiva”.

“A França têm dificuldade de integrar certo tipo de dimensões e fenómenos, nomeadamente, do mundo muçulmano que são mais dinâmicas culturais de diferenciação, de afirmação, e de lhes dar o devido espaço e de encontrar por via do diálogo e laicidade aberta formas de integração”, analisou Paulo Fontes.

O docente universitário observou que o “fenómeno da secularização só existe com a dinâmica religiosa” referiu que é preciso encontrar “maneiras de viver na base da liberdade individual, das comunidades”.

A tomada de posse da Comissão da Liberdade Religiosa está na mais recente edição do Semanário ECCLESIA, publicado hoje, e vai estar em destaque no programa 70×7 deste domingo, a partir das 13h30, na RTP2.

HM/OC/CB

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