Presidente da Federação dos Bancos Alimentares Contra a Fome valoriza ações «alegres» de jovens e pessoas em idade de reforma e defende uma «cidadania ativa»
Lisboa, 04 dez 2019 (Ecclesia) – A presidente da Federação dos Bancos Alimentares Contra a Fome (BACF) afirmou que o voluntariado é mais do que uma “forma de passar o tempo”, disse que deve ser “quantificado” para ser “comprometido” e considera que há um novo “voluntariado jovem”
“Nós encaramos o voluntariado, não como forma de passar o tempo ou entretém ou apenas porque é giro ou moda. Hoje todos os jovens querem ser voluntários e não tenho dúvidas em afirmar que o BA mudou o voluntariado jovem ao ir para as escolas, há 27 anos, com este apelo para que as pessoas participem dando algum do seu tempo com alegria”, afirmou a responsável numa entrevista conjunta à Agência ECCLESIA e à Renascença.
Isabel Jonet fala de um voluntariado jovem, que é “alegre” mas também numa “cidadania ativa” que é necessário propor a quem está em idade de pré-reforma ou reforma, afirmando haver, em Portugal, o “voluntariado que não é contado”.
“Em Portugal temos muito voluntariado informal, de vizinhança, de paróquia, nas famílias e esse voluntariado não é contado. Temos uma tradição cristã que o que se dá não se conta e, sobretudo, não se mede. Dá-se, porque se dá. Ora, quando se encara o voluntariado como algo mais, como participação de cidadania ativa, é importante quantificá-lo e valorizá-lo, até para poder dar exemplos a outras pessoas de que este tipo de participação gera coesão nacional”, sustenta.
O Dia Internacional do Voluntariado assinala-se esta quinta-feira, dia 5 de dezembro, tendo sido proclamado pela Organização das Nações Unidas com o objetivo de incentivar e valorizar o serviço voluntário em todo o mundo.
A presidente da Federação dos BACF dá conta do trabalho de contactos com empresas para que doem os seus bens, através da plataforma «Entrajuda», mas também para que proponham aos “colaboradores” contratos de reforma ou pré-reforma e apresentem o voluntariado como “intervenção de cidadania ativa”.
O projeto ‘Tempo Extra’ quer atingir pessoas que “chegam ao fim da sua vida ativa e têm 60, 62, 65 anos e ainda 20 ou 30 anos de vida à sua frente”, tratando-se de trabalho “voluntário qualificado”.
“Temos voluntários que têm competências especiais que as colocam ao serviço desta rede, gerando mudança e criando muito impacto social”, referiu.
Isabel Jonet destaca a Bolsa do Voluntariado (bolsadovoluntariado.pt), um site português de voluntariado, com “58 mil voluntários inscritos e duas mil instituições à procura de voluntários”.
Os Bancos Alimentares, atualmente 21 em atividade no continente e ilhas, funcionam “ao longo de todo o ano com recurso a trabalho voluntário”, que, no entanto, se torna “mais visível” na época das campanhas, habitualmente em maio e em dezembro, com “muitas pessoas voluntárias” jovens e alegres, indica Isabel Jonet.
Ligada desde a primeira hora a este projeto, Isabel Jonet é voluntária nesta instituição desde 1994 e sua presidente desde 2002.
Os BA apoiam diretamente a alimentação de quase 400 mil pessoas através de 2400 instituições que, através de protocolos de parceria, recebem os produtos e ajudam as pessoas mais carenciadas.
Na última campanha do BA, que decorreu nos dias 30 de novembro e 1 de dezembro, recolheu 2125 toneladas de alimentos.
PR/LS