Sociedade: «Estamos longe» de responder a problemas de habitação, diz presidente da Comissão Diocesana Justiça e Paz de Coimbra

José Santos Cabral pede que Estado «intervenha diretamente» para ajudar quem sofre com atual crise

Foto: RR

Coimbra, 05 nov 2023 (Ecclesia) – O presidente da Comissão Diocesana Justiça e Paz (CDJP) de Coimbra afirmou que as medidas previstas para enfrentar a crise na habitação estão “longe” de responder ao problema que se vive em Portugal.

“É necessário que o Estado intervenha diretamente criando condições, criando habitação, criando políticas fiscais que premeiem e incentivem a possibilidade de arrendar”, sustenta José Santos Cabral, convidado da entrevista conjunta Ecclesia/Renascença, publicada e emitida semanalmente aos domingos.

A CDJP de Coimbra foi uma das subscritoras da nota de vários organismos católicos, sobre a crise na habitação, que sublinhava o impacto desta situação na vida das pessoas e das famílias.

O entrevistado sublinha o papel do Estado, para construir alternativas, pedindo às lideranças políticas “uma visão estratégica para o futuro deste país”.

“Penso que isso falha. E falha, nomeadamente, relativamente a dois setores essenciais. Falha relativamente aos pobres e falha relativamente aos jovens”, precisa.

Nós estamos a formar um país assimétrico: temos uma classe média que vai aguentando, temos gente que pode muito e temos uma larga camada da população que não pode, ou que pode com muita dificuldade”.

José Santos Cabral aborda ainda a guerra em Israel e na Palestina, apontando o dedo à comunidade internacional.

“O papel da ONU e do Conselho de Segurança apagou-se e não há uma tentativa, realmente, de recuperar esse papel que é fundamental”, denuncia.

O presidente da CDJP de Coimbra identifica duas personalidades que se esforçam “por dar um pouco de lucidez”, o Papa Francisco e António Guterres, secretário-geral da ONU.

“É evidente que tudo começa, sem estar a procurar explicações históricas, com um ato bárbaro por parte do Hamas, a 7 de outubro”, assume o entrevistado, para quem o direito de legítima defesa de Israel “deve ser exercido de acordo com as leis da guerra”.

“Quando pretendo atingir um determinado alvo, e sei que com isso corro o risco de matar dezenas ou centenas de civis, tenho de ponderar e não aceitar esse risco”, apela o juiz conselheiro jubilado.

José Santos Cabral considera “imperioso e possível” permitir o abastecimento da Faixa de Gaza, para as “necessidades básicas” da população.

COMO é que Israel vai fazer relativamente à Faixa de Gaza quando tiver de a abandonar? E como é que vai abandonar? Será uma força das Nações Unidas que vai lá ficar?”, questiona.

O presidente da CDJP de Coimbra lamenta que, em Portugal, se esteja a “transpor a questão Israel/Hamas, para a dicotomia esquerda/direita”.

Henrique Cunha (Renascença) e Octávio Carmo (Ecclesia)

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Agência ECCLESIA

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