“Renovamos o compromisso de querer ser portadores de paz não só com palavras e atividades, mas com a nossa vida” – Carlos Palma
Porto, 30 jan 2020 (Ecclesia) – Carlos Palma, fundador do projeto ‘Living Peace’ de educação para a paz nas escolas, afirma que é “muito importante” que os jovens e as crianças “sintam que não estão sozinhos, que vivem e trabalham pela paz com milhões”.
“É muito mais fácil fazer um evento de paz mas é muito mais difícil ter a paz no coração e transmitir às pessoas com quem moro em casa, com quem trabalho ou estudo na escola. É um renovar este compromisso se quero paz e não-violência, sou o primeiro que tenho de começar”, disse em declarações à Agência ECCLESIA.
Carlos Palma explicou que o Dia Escolar da Não Violência e da Paz é uma lembrança para “todos que a paz” por cada um e que “é possível” se primeiro existe “paz no coração” e se vive “os valores da paz – o amor, a solidariedade, a fraternidade, o respeito e tantos outros” .
É um dia onde renovamos o compromisso de querer ser portadores de paz não só com palavras e atividades mas com a nossa vida”.
O entrevistado, de nacionalidade uruguaia vive no Porto depois de ter passado por Jerusalém e pelo Cairo (Egipto).
“Tenho oportunidade de viajar pelo mundo e vemos com muita emoção quantas mais são as pessoas que estão a fazer a paz, a construir a paz, mas isso não é uma notícia importante, não faz notícia”, contextualizou.
Neste contexto, exemplificou que trabalham com “80 organizações internacionais” e, em 2019, num dos 30 projeto que a ‘Living Peace’ tem “participaram um milhão e meio de crianças”.
Carlos Palma destaca que é necessário “fazer perceber às novas gerações” que são “muitas mais” as pessoas que “vivem, trabalham pela paz” do que aqueles que fazem a guerra: “Os países em guerra são ainda muitos mas na verdade são milhões, milhões, milhões que estão a viver os valores da paz.”
Segundo o fundador da ‘Living Peace’ destacou que o projeto tem no Dia Escolar da Não Violência e da Paz como o “mais importante” porque “é um programa feito para as escolas de maneira especial”, convidando “todas as escolas do mundo” a fazer uma manifestação “concreta pela paz” que pode ser uma exposição, um festival, uma conferência, “depende da cultura, da religião”.
Neste contexto, Carlos Palma contou que esteve em três escolas da zona norte de Portugal e o seu dia começou na Escola do Cerco, no Porto, “sempre caraterizada pela agressividade, muitos problemas de relacionamento” mas quando começaram o projeto ‘Living Peace’ “começou uma mudança nos corações dos jovens, no mais profundo das raízes”, e hoje tiveram uma parte artística com canções, poesias, danças, mas também a ligação a “outra escola de outro país para partilhar experiência de como vivem pela paz, partilhar testemunhos, a vida concreta”.
Depois, viajou para São João da Madeira e numa primeira escola realizou-se a inaugurado oficial de “um grande dado pela paz”, que não tem números mas “frases como ‘escutar o outro, perdoar o outro, ser o primeiro a amar, amar a todos’ – “valores simples e universais”.
O projeto ‘Living Peace’ tem 12 instrumentos para construir a cultura da paz e o dado é lançado todos os dias e depois vivem “a frase como programa para construir a paz”.
Na terceira escola, também em São João da Madeira depois do espetáculo musical, com canções de paz, foram apresentados projetos como “pombas de origami, mandalas com mensagem que vão para hospitais com crianças doentes de cancro, num gesto de paz que chega aos que mais sofrem”.
Carlos Palma assinala que em Portugal, o projeto conta com cerca de 100 instituições de ensino – universidades, escolas, centros de formação – três prisões, escuteiros e mais de 20 paróquias, movimentos e academias de norte a sul e ilhas e foram inaugurados “seis grandes dados da paz” em localidade como Matosinhos, Oeiras e Almeirim que é um “convite a viver os valores da paz toda a gente da cidade”.
O Dia anual da Não-violência e da Paz nasceu em Espanha e foi instituído pela UNESCO a 30 de janeiro, o dia da morte do pacifista indiano Mahatma Gandhi.
Carlos Palma sublinha que “é um evento muito importante” nas escolas do mundo inteiro e revela que recebeu fotografias do Congo, Camarões, Marrocos, Nepal, Filipinas, Brasil, entre outros conteúdos.
CB/OC