Lisboa, 19 out 2018 (Ecclesia) – A comunidade católica de Santo Egídio propôs que se construa um movimento mundial para construir ‘Pontes de Paz’ (‘Ponti di Pace’), a partir de Bolonha, no início da 32.ª Oração pela Paz com o espírito de Assis.
“Um movimento fruto de uma necessidade partilhada por muitos em todas as terras: Um movimento de corações, de pensamentos, de vontades, de culturas para a paz”, disse o presidente da comunidade, Marco Impagliazzo, no domingo, 14 de outubro.
Num comunicado enviado hoje à Agência ECCLESIA, a Comunidade de Santo Egídio Portugal informa que participaram milhares de jovens e adultos de toda a Europa no Encontro internacional sobre a Paz inaugurado em Bolonha.
“A paz é sempre possível”, foi o testemunho dos participantes onde estavam “300 líderes de todas as religiões e humanistas” e nos 34 painéis de discussão falaram das “feridas abertas, das guerras ainda em curso”.
“A cultura é a janela e o espelho de cada um, falar de cultura é falar de esperança e paz”, realçou o arcebispo português, D. José Tolentino Mendonça, arquivista e bibliotecário da Santa Sé, no Vaticano.
“Como o pai de um de nossos convidados, Martin Luther King, disse há 50 anos, eu tenho um sonho, nós temos um sonho: A paz”, sublinhou Marco Impagliazzo.
“Precisamos conversar para entendermo-nos uns aos outros, num mundo cheio de violência, racismo, medo e guerra. E quanto mais se acredita, mais se está aberto ao outro. Precisamos aprender a arte prática de viver juntos”, disse Bernice Albertine King, a filha do pastor afroamericano.
D. Matteo Zuppi, que acolheu o encontro na sua arquidiocese, destacou que Bolonha foi “capital da paz” e dali “nasce um movimento de paz que cresce e se desenvolve no mundo”.
O bispo católico de Haimen (China) lembrou que a 22 de setembro outra ponte de paz que estava separada “por décadas”, referindo-se ao acordo entre o governo chinês e a Santa Sé.
“Esse era o desejo de muitos Papas e é também o nosso desejo. Através do diálogo foi construída uma ponte de paz que derrubou um muro que durou quase setenta anos”, salientou D. Joseph Shen Bin.
Segundo o comunicado, o Encontro Internacional ‘Pontes da Paz’ terminou na Piazza Maggiore, esta terça-feira, depois dos representantes das diversas confissões religiosas estarem reunidos em oração em diferentes lugares na cidade.
A Comunidade de Santo Egídio Portugal destacou também um excerto do ‘Apelo de paz’ que foi lido no final e que um grupo de crianças entregou às autoridades religiosas e políticas: “A paz é possível, mesmo que nunca possa ser tomada para sempre, deve sempre ser procurada em conjunto, purificando o coração e a mente, ajudando as pessoas a olhar nos olhos uns dos outros e que não permaneçam prisioneiros do medo”.
A comunidade católica foi fundada no bairro italiano de Trastevere, em Roma, por Andrea Riccardi, professor de história contemporânea, em 1968.
Trata-se de um organismo reconhecido pela União Europeia e pelo Conselho Económico e Social das Nações Unidas (ECOSOC), pelo trabalho em prol dos direitos humanos e da paz, a nível internacional.
Em 2014, a Comunidade de Santo Egídio recebeu o Prémio Calouste Gulbenkian pela sua ação em favor da paz no mundo e junto dos mais pobres.
CB