Igreja/Deficiência: Diocese de Leiria-Fátima deu «sinal da cultura da inclusão» com visita à exposição «um manto de todas as cores»

D. António Marto e alunos da Cercilei assinalaram Dia Nacional dos Bens Culturais da Igreja

Foto Agência Ecclesia/LFS

Leiria, 19 out 2018 (Ecclesia) – A Diocese de Leiria-Fátima promoveu hoje uma visita especial à exposição ‘Um manto de todas as cores: a Virgem Maria no território de Leiria-Fátima’, destinada a pessoas com deficiência.

“Estas pessoas são uma elite, não no sentido de parte isolada da sociedade, como se costuma dar às vezes à palavra elite, mas de merecerem uma estima particular da nossa parte”, disse aos jornalistas o cardeal D. António Marto, bispo desta diocese.

O Departamento do Património Cultural da Diocese de Leiria-Fátima e o Museu de Leiria convidaram alunos da Cercilei – Cooperativa de Ensino e Reabilitação de Cidadãos Inadaptados de Leiria – para visitarem a exposição ‘Um manto de todas as cores: a Virgem Maria no território de Leiria-Fátima’, no contexto do Dia Nacional dos Bens Culturais da Igreja, que se assinalou esta quinta-feira, continuando a decorrer diversas iniciativas.

“Quisemos dar um duplo sinal de reconhecimento destes irmãos mais frágeis, vulneráveis, para lhes manifestar a nossa estima, para que se sintam estimados, e proporcionar uma visita que foi cheia de beleza, encanto e alegria para eles e nós”, desenvolveu o bispo de Leiria-Fátima.

O cardeal português realçou que a visita guiada, realizada esta manhã, foi também um “sinal para a sociedade” que é necessário que “se torne visível e comunicável”.

“Vivemos muito absorvidos pelos afazeres e afãs do dia-a-dia e corremos o risco de esquecer estes irmãos, é sinal da cultura da inclusão que toca o coração de todos”, realçou.

D. António Marto destacou também a importância de dar a conhecer os Bens Culturais da Igreja a todos as pessoas, uma vez que são para todos desfrutarem “desta beleza e riqueza de história”.

Neste âmbito, deu conta que os visitantes conseguiram “descobrir e sentir a beleza e a ternura” de Maria.

Um manto de todas as cores: a Virgem Maria no território de Leiria-Fátima
 

Para o comissário da exposição, Marco Daniel Duarte, mais do que surpreendente, a visita foi “verdadeiramente comovente” e a mostra, que se encerra no final deste ano civil, quis assim “dialogar com todos”, algo que “se exige àqueles que estão a tratar de todas as coisas do mundo e também da cultura”.

“A cultura não fala apenas com uma elite, aqueles que já conhecem os códigos, os símbolos, os sinais, mas deve dialogar com todos”, observou.

Em declarações aos jornalistas, após a visita, o responsável salientou que a visita quis mostrar que a “atenção” que a sociedade dá a pessoas com “dificuldades cognitivas deve ir além dos cuidados da sobrevivência”.

“Estivemos perante peças do passado, muitas com códigos difíceis de perceber, e este grupo está mais interessado do que alguns de jovens aos quais temos tentado dar atenção”, observou, sem querer fazer critica “às grandes pastorais da Igreja”, como o atual Sínodo dos Bispos.

Marco Daniel Duarte realçou que a visita desta manhã “era uma em que tudo podia acontecer”, e das “mais difíceis” da sua vida, mas foi conseguida pela “interação à volta do objeto artístico”.

Com emoção, revelou também que aprendeu imenso e a relação conseguida com os visitantes começou “pelos olhos nos olhos”, perguntando o nome a cada um deles e apresentando-se.

“A arte é muito importante ao ser humano, mas não é o centro do ser humano”, afirmou.

A exposição ‘Um manto de todas as cores: a Virgem Maria no território de Leiria-Fátima’ apresenta “testemunhos artísticos” sobre o culto mariano na região, ao longo de quatro capítulos que fazem olhar para a iconografia de Maria.

Entre o espólio destacam-se algumas peças do Museu do Santuário de Fátima, como um pedaço de azinheira guardado como relíquia da árvore das aparições de 1917, e termina com o terço oferecido pelo Papa Francisco.

O comissário explicou que foi “intencional”, mas não a pensar nesta visita, uma vez que Francisco “tenta chegar a todas as periferias”, às humanas, “não apenas as típicas, também às da cultura”, onde “há muitas periferias que precisam de ser esbatidas”.

LFS/CB

 

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