Sociedade: «Compassio» quer combater a solidão e desmistificar a morte

Presidente da associação realça a importância de falar sobre temas como o fim da vida e a doença, para que as pessoas «possam viver mais pacificamente»

Compassio

Porto, 03 nov 2023 (Ecclesia) – Mariana Abranches Pinto, presidente da associação sem fins lucrativos “Compassio”, lamenta que a velhice, a fragilidade e a morte se tenham tornado temas tabu na sociedade, num momento em que se verifica o crescimento das sociedades compassivas.

“Este movimento internacional das comunidades compassivas agora surge em grande força pelo mundo e também cá em Portugal. Porque realmente tornaram-se temas tabu, ninguém fala. Fala-se da morte e começam as pessoas a bater com a mão em madeira, como se falar sobre o tema, fosse chamar o tema”, defendeu a responsável, em entrevista à Agência ECCLESIA.

Para Mariana Abranches Pinto, esta forma de lidar com as temáticas “só prejudica a vivência concreta destas situações”.

A associação Compassio, com sede no Porto, trabalha nas áreas do cuidar, da doença, do envelhecimento, do isolamento social e da solidão, da morte e do luto, tendo por base a compaixão.

Porto, Amadora, Vila Nova de Gaia, Borba, Leiria, Cascais, São Miguel, nos Açores, Loulé, São Brás de Alportel e Faro são cidades que já aderiram à rede das sociedades compassivas.

“Vamos trabalhar estes temas, de forma a desmistificá-los para que as pessoas possam viver mais pacificamente estes temas e também se sintam mais capazes de cuidar de uma forma compassiva. E vamos também tentar ativar redes de cuidado próximo e compassivo de pessoas que estão com doenças avançadas e que estão mais sozinhas”, explica a presidente da Compassio.

“Death Café” é uma das iniciativas da associação, que caracteriza estes momentos como “únicos de partilha e reflexão”, em que “falar sobre a morte é honrar a vida”.

“Todos os encontros são diferentes, porque há novas pessoas e nós somos também diferentes a cada dia”, pode ler-se num convite da “Compassio” para o próximo encontro, no dia 12 de dezembro, que se vai realizar via zoom, das 16h às 17h30.

“Isto faz pensar. Faz as pessoas pensar sobre estes temas, provoca conversas lá em casa”, afirma Mariana Abranches Pinto.

Sobre o modo como a associação pode ajudar a criar relações mais humanizadas, a responsável explica que depois de a “Compassio” chegar ao encontro das pessoas em situação de solidão ou doença, é criada depois uma rede de apoio.

“Vamos à procura na comunidade, em entidades formais e informais, tentar colmatar o que falta à pessoa e assim ir caminhando para uma sociedade mais compassiva, mas obviamente isto é uma corrida de fundo”, aponta.

“E também fazemos ações de rua sobre estes temas, vamos para a rua e falamos com as pessoas sobre estes temas, através da arte. Mas é uma gota no oceano, mas é uma gota importante”, acrescenta.

LJ/LS

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