Síria: «Ser cristão significa ficar com as pessoas que sofrem» – padre Firas Lutfi

Fátima, 19 set 2017 (Ecclesia) – O frade franciscano da Custódia da Terra Santa, padre Firas Lutfi, disse que ser cristão na Síria é não fugir e “ficar com as pessoas que sofrem” num país onde o número de católicos diminui mas “não a qualidade”.

“Ser cristão na Síria significa ficar com as pessoas que sofrem, permanecer apesar da guerra, da catástrofe e da desastrosa guerra que causa sofrimento e morte todos os dias”, afirmou em declarações à Agência ECCLESIA.

No Santuário de Fátima, o franciscano da Custódia da Terra Santa assinala que em seis anos de guerra entre as forças governamentais e os rebeldes “a presença católica não é como antes” porque o número diminui mas “não a qualidade”.

“Esperamos continuar com a nossa fé mudar o mundo”, revelou o padre Firas Lutfi que todos os dias encontra “pessoas deprimidas e sem esperança”, por isso, a presença da Igreja “pode sustentar” essas pessoas que estão em sofrimento e têm necessidades.

“É significante haver cristãos católicos especialmente num contexto diversificado de religiões, interconfessional e etnias”, desenvolveu, sobre uma presença que “é sinal de esperança, de união entre as diferentes fações”.

Frei Firas Lutfi nasceu em Hama, no centro da Síria e esteve em Portugal pela primeira vez, para participar na Peregrinação Internacional da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) ao Santuário de Fátima, entre 12 e 15 de setembro.

O frade franciscano explica que a fundação pontifícia está na Síria desde que a guerra começou e são uma “esperança” de uma das Igrejas “mais antigas no mundo”, onde São Paulo converteu-se.

“O numero de cristãos tem de continuar essa presença pelos milénios. (AIS) também sustenta muitos projetos para ajudar as pessoas, a Igreja a não estar fechada em si mas abrir à caridade a outros, a muçulmanos, e outras etnias”, assinalou.

O encontro na Cova Iria contou com diversos testemunhos de cristãos perseguidos ou de Igrejas minoritárias, pobres, e foi realizado pelo Centenário das Aparições, os 70 anos da criação da fundação pontifícia e pelos 50 anos da sua consagração a Nossa Senhora de Fátima.

Frei Firas Lutfi recordou que receberam a Imagem Peregrina de Nossa Senhora na Síria e ia aproveitar o facto de estar na Cova da Iria para “agradecer”.

“Foi num momento em que estávamos desesperados. A nossa energia tinha parado, a nossa humanidade. A sua presença, a sua interceção motiva-nos a continuar a nossa missão no meio do sofrimento, no meio das pessoas que precisam de qualquer tipo de suporte, de encorajamento”, desenvolveu.

O religioso é o superior do Convento de Santo António – Colégio da Terra Santa na cidade de Alepo e que este verão abriu as portas para receber crianças e jovens num campo de férias.

Uma sociedade sem crianças é uma sociedade sem futuro. As pessoas que vão reconstruir e guiar são as crianças e os jovens do país, por isso, temos a obrigação de ajudá-los porque sofreram muita violência, têm medo e nas almas muitos traumas e suportam a guerra há seis anos”, realçou.

No convento havia uma piscina que deu “alegria e espaço” para as crianças brincarem “com serenidade” e das muitas atividades havia também desenho, arte, e psicólogos que ajudaram os mais novos a sobreviver à guerra e a “continuar a ser pessoas normais e não perturbadas”.

“Uma nova vida, nova geração que deve guiar a sociedade e dar-nos prosperidade e progresso”, referiu o padre Firas Lutfi.

CB

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Agência ECCLESIA

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