Síria: «Povo teme ser esquecido» num país «sem capacidade de reconstrução» – Xavier Stephen Bisits

Responsável da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre está no país a precisar abrigos, comida e roupa quente  

Foto Fundação AIS

Homs (Síria), 10 fev 2023 (Ecclesia) – O responsável pelos projetos da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre na Síria disse hoje à Agência ECCLESIA que o povo teme “ser esquecido” e que sem a ajuda internacional “o governo e o povo” não terão capacidade de reconstrução.

“Não será possível a reconstrução sem a ajuda internacional. O Governo tem muito poucos recursos, assim como as pessoas. O país colapsou de forma dramática nos últimos anos que a capacidade governativa de reconstrução não existe sem a ajuda internacional. A reconstrução, no contexto da guerra, mal começou. O povo sírio tem medo de ser esquecido”, explicou Xavier Stephen Bisits.

Quatro dias depois de dois sismos, de 7,8 e 7,5 na escala de Richter, que provocaram cerca de 22 mil vítimas mortais, muitos feridos, desalojados e desaparecidos, além de elevados danos materiais, na Turquia e na Síria, a maioria das equipas de resgate e salvamento terminaram o seu trabalho e Xavier Stephen Bisits dá conta que “as pessoas estão de luto” e os funerais estão a acontecer.

“É muito improvável que ainda haja pessoas vivas, não só por causa do tempo que passou mas também porque há poucos profissionais n as equipas de salvamento. Poucos chegaram e vi pouca presença de estrangeiros na cidade”, explica.

Ao mesmo tempo que decorrem as despedidas as pessoas estão preocupadas com os que não têm abrigo, colocando a possibilidade de “encontrar outro local ou arranjar uma casa temporariamente ou por alguns meses”.

“Na última noite cerca de quatro mil pessoas dormiram nas igrejas, em Aleppo, mas também em escolas. As que conseguem combustível preferem dormir no carro no meio da rua para conseguir alguma temperatura, e a pergunta que fazem é para saber se as suas casas estão seguras, se podem regressar e, se não, o quão danificadas estão para poderem ser reparadas e preparar um regresso a salvo”, explica.

Xavier Stefan Bisits fala de um país onde “80 ou 90% do povo vive na pobreza”, cujo governo “só suporta duas horas de eletricidade por dia e não tem capacidade de armazenamento de combustível”.

“As pessoas agora precisam de abrigos, necessitam também de boa nutrição, de roupa, o leite para crianças é muito caro – tudo isto se tornou muito difícil para os sírios adquirirem”, precisa.

O responsável indica que a ajuda direcionada para organizações da Igreja é “eficaz e operativa”.

“Há o Serviço de Ajuda aos Refugiados que estão a dar uma resposta ao terramoto em Aleppo, e são já uma equipa local e profissional no terreno, o que é relativamente raro pois não existem muitas organizações internacionais a funcionar na Síria. Outra opção é apoiar as congregações religiosas que trabalham com os mais pobres e estão a ajudar quem procura abrigo”, indica.

A FAIS está a planear projetos “não apenas para ajudar nas necessidades imediatas” mas, em colaboração com os bispos de Allepo, “arranjar forma de reconstruir as casas das pessoas para que possam regressar”.

Perante a suspensão das sanções económicas dos Estados Unidos da América à Síria, segundo noticia a Rádio Renascença, Xavier Stefan Bisits saúda a iniciativa e afirma ser este o tempo para ajudar o povo.

“As pessoas esperam que com a suspensão das sanções, as ajuda que necessitam possa chegar mais rapidamente”, concretiza.

LS

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