Francisco disse que homem da parábola do «Bom Samaritano» «pode ser outra imagem dramática da Síria, atacada, roubada e abandonada meio morta na beira da estrada»
Cidade do Vaticano, 03 set 2022 (Ecclesia) – O Papa Francisco reafirmou hoje que a “Igreja é chamada a ser um ‘hospital de campanha’”, “para curar as feridas espirituais e físicas”, numa audiência a membros da Fundação AVSI para o Projeto ‘Hospitais Abertos na Síria’.
“A crise síria, segundo os observadores internacionais, continua a ser uma das crises mais graves do mundo, com destruição, crescentes necessidades humanitárias, colapso socioeconómico, pobreza e fome em níveis extremamente severos”, disse o Papa, no encontro realizado no Palácio Apostólico.
Neste contexto, Francisco, reafirmou que a Igreja “é chamada a ser um ‘hospital de campo’, para curar tanto as feridas espirituais quanto físicas”.
O Papa explicou que “quem te curará, Síria”, é a pergunta que faz perante a realidade de um país há 12 anos em conflito.
“Pensando na Síria vêm à mente as palavras do Livro das Lamentações: ‘Pois tão grande como o mar é a tua perdição, quem te curará’ (2,13). Estas são expressões que se referem aos sofrimentos de Jerusalém e também podem trazer à mente os vividos pela população síria durante estes doze anos de conflito sangrento”, explicou.
Na audiência aos membros da Fundação AVSI para o Projeto ‘Hospitais Abertos na Síria’, o Papa destacou que hospitais abertos, significa “aberto a pacientes pobres, independentemente de afiliação étnica ou religiosa” e esta característica expressa uma Igreja que “quer ser uma casa com as portas abertas e um lugar de fraternidade humana”.
“Nas nossas instituições de caridade, as pessoas, especialmente os pobres, devem sentir-se ‘em casa’ e sentir um clima de acolhimento digno”, realçou, acrescentando que o efeito deste gesto é “curar os corpos e recompor o tecido social”.
Francisco recebeu “um belo ícone de Jesus, o Bom Samaritano”, e salientou que o homem infeliz da parábola do Evangelho “pode ser outra imagem dramática da Síria, atacada, roubada e abandonada meio morta na beira da estrada”.
“Mas não esquecida e abandonada por Cristo, o Bom Samaritano, e por tantos bons samaritanos: Indivíduos, associações, instituições”, desenvolveu.
O Papa salientou que perante “tantas e graves necessidades” podem sentir “o limite” da possibilidade da sua intervenção, mas “até o deserto pedregoso da Síria, após as primeiras chuvas da primavera, está coberto por um manto verde”.
“Que os doentes possam ser curados, que a esperança possa renascer, que o deserto possa reflorescer!”, concluiu.
Durante o discurso, Francisco referiu que o Projeto ‘Hospitais Abertos’ está comprometido em apoiar os três hospitais católicos que estão na Síria há cem anos e quatro clínicas, uma iniciativa que surgiu com o patrocínio do Dicastério para a Promoção do Desenvolvimento Humano Integral (Santa Sé) e é apoiada pela generosidade de instituições relacionadas com a Igreja, agências governamentais, instituições humanitárias católicas e “pessoas generosas”.
O Papa terminou a audiência oferecendo uma pintura que retrata São José com o Jesus nos ombros durante a fuga para o Egito, que recebeu de artista italiano, explicando que lembra a imagem de um pai sírio em fuga com o filho.
CB