Lisboa, 02 fev 2021 (Ecclesia) – A irmã Maria Lúcia Ferreira (irmã Myri), religiosa portuguesa na Síria, disse que a “situação está cada vez pior” e “há já quem passe fome”, por causa do agravamento da crise económica que afeta toda a sociedade.
“Tudo está cada vez mais caro, é muito difícil viver”, referiu a religiosa da Congregação das Monjas da Unidade de Antioquia, ao secretariado português da Fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).
Na informação enviada à Agência ECCLESIA, a religiosa portuguesa explica que o agravamento da crise económica na Síria não é só resultado de uma década de guerra, mas também das sanções económicas impostas ao regime de Bashar al-Assad e às consequências da pandemia de Covid-19.
“A eletricidade às vezes passa 12 horas sem vir e quando vem às vezes é só por meia hora. Também é muito difícil encontrar gasolina. As pessoas estão na fila à espera e não encontram. O ‘mazut’ [óleo] para as pessoas aquecerem-se é muito difícil… Tudo o que é carburantes é muito difícil [de encontrar]”, exemplificou a freira que vive num mosteiro na vila de Qara, perto da fronteira com o Líbano.
Já ao secretariado britânico da AIS, a irmã Annie Demerjian disse que “o mundo começou a esquecer-se da Síria e isso é doloroso”, alertando que “as pessoas estão com fome, não têm o que comer”, e para as falhas no fornecimento da energia.
“Uma hora de eletricidade não é suficiente para aquecer uma casa. Não há gás suficiente para cozinhar alimentos”, observou a religiosa da Congregação de Jesus e Maria que é a responsável pelas campanhas da fundação pontifícia nas cidades de Alepo e Damasco há quase dez anos.
No contexto dos relatos das duas religiosas, a Fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre assinala que “ganha ainda mais relevo” o trabalho humanitário que promover na Síria e permite que as “famílias mais empobrecidas possam ter acesso a bens essenciais”, como leite para as crianças, alimentos, medicamentos, e “a cuidados de saúde e produtos de higiene pessoal”, atualmente 273 famílias em Alepo e mais de uma centena em Damasco.
“Com o inverno, compramos esterilizadores e medicamentos. Também ajudamos em algumas cirurgias essenciais. Às vezes isso inclui itens básicos, mas indispensáveis, como fraldas para incontinência para pessoas doentes e idosas”, exemplificou a irmã Annie Demerjian sobre a ajuda disponibilizada através da Fundação AIS.
O secretariado português da fundação pontifícia recorda ainda a oferta de “blusões a milhares de crianças” que vivem nas cidades de Damasco, Aleppo, Homs, Kameshli, Hassakeh, Swidaa e Horan, na campanha de Natal.
CB/OC