Sínodo é oportunidade para a África

Reunião magna dos Bispos africanos com o Papa decorre de 4 a 25 de Outubro

A II assembleia especial para África do Sínodo dos Bispos, que se inicia no próximo Domingo, é uma oportunidade para um continente que tem sido “muito sacudido por conflitos”, considera D. Gabriel Mbiling, Arcebispo do Lubango, em Angola.

Numa entrevista conjunta ECCLESIA/Acção Missionária, D. Mbiling, considera que a Igreja só será ouvida se levar uma mensagem de reconciliação e de justiça, para garantir uma “paz mais duradoura”.

O Sínodo realiza-se de 4 a 25 de Outubro, com o tema “A Igreja em África ao serviço da reconciliação, da justiça e da paz”, assumindo-se como uma ocasião para debater a presença, a estrutura e os desafios do catolicismo neste continente. A cerimónia de abertura será presidida pelo Papa, na Basílica de São Pedro, pelas 09h30 (hora local, menos uma em Lisboa).

Após recordar a visita de Bento XVI a Angola e os Camarões, em Março passado, o Arcebispo do Lubango sublinha a oportunidade do tema escolhido para o próximo Sínodo e assegura que garantir a paz em África é prestar “um grande serviço, não só ao continente, mas também a toda a humanidade”.

15 anos depois do primeiro Sínodo africano, muito mudou, incluindo um aumento significativo no número de católicos que passou de 102 milhões (1994) para cerca de 165 milhões de pessoas, em 2007.

Num olhar sobre esta década e meia, D. Gabriel Mbiling destaca os países em que as lideranças políticas “tomaram consciência do seu papel de implementadores de uma sociedade mais harmónica”.

O primeiro Sínodo africano abordou questões relacionadas com a missão evangelizadora, em vista do jubileu de 2000: Esta segunda reunião dos episcopados católicos de África, que decorre no Vaticano – uma opção que alguns contestam, mas que tem como intenção mostrar que os problemas dos católicos deste Continente não são periféricos, mas estão no coração de toda a Igreja – aborda diversos aspectos dos desafios centrais, não só à luz das problemáticas actuais em África, mas também com os seus aspectos positivos.

Entre as dificuldades evidenciadas destacam-se o etnocentrismo ou o tribalismo que muitas vezes está por detrás de outros problemas – conflitos, nepotismo e corrupção, impunidade.

O entusiasmo que se gerou com a obtenção da independência por parte das nações africanos acabou por desaparecer, muitas vezes, por causa do falhanço de governos, de iniciativa política ou militar.

Sínodo em português

D. Damião António Franklin, Bispo de Luanda (Angola), um dos secretários especiais do Sínodo, considera esta reunião magna será um momento fundamental para uma “caminhada em conjunto” de todas as forças vivas da Igreja, a nível local e a nível universal.

“Há necessidade de se reflectir, de orar, de sugerir estratégias concretas”, refere à ECCLESIA.

O prelado admite que “África é o continente mais vulnerável” do ponto de vista institucional, com muitos conflitos militares, pelo que a Igreja “quer capacitar os próprios africanos” para resolver estes conflitos e os “problemas de desenvolvimento”, com destaque para o avanço das pandemias.

Quanto à Igreja, o Arcebispo admite que o crescimento de vocações religiosas e sacerdotais não deve fazer esquecer a vocação dos leigos. “Nós, como responsáveis, estamos atentos, porque esta é uma fase e temos de estar preparados para uma fase mais crítica”, admite.

Sobre a questão litúrgica, D. Damião Franklin indica que o “génio africano” deve ter o seu lugar, ainda que com “ordem e disciplina”.

Já o Bispo de Bissau, D. José Camnaté, disse que vai levar ao Sínodo uma mensagem de esperança. “Vamos levar uma mensagem de esperança e dizer que o povo da Guiné-Bissau sempre contou com o apoio da comunidade internacional e também da Igreja Católica e tem dado a sua modesta contribuição para resolver os seus problemas”, afirmou à agência Lusa.

Já o Bispo diocese de Santiago (Cabo Verde), D. Arlindo Furtado, afirmou que a Igreja deve assumir seu papel como instrumento de reconciliação, da justiça e paz na África. “A posição que a igreja cabo-verdiana vai defender no Sínodo dos Bispos Africanos é a de que seu papel é reunir as pessoas em uma família, à semelhança de Cristo, que, de muitos povos, os constituiu num só. A Igreja, cumprindo seu papel, poderá utilizar este instrumento de comunhão”, explicou, também à Lusa.

 

 

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