Comunicado do Conselho Permanente defende importância de escuta alargada
Lisboa, 13 set 2022 (Ecclesia) – O Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) respondeu hoje às críticas feitas sobre o relatório nacional para o Sínodo 2021-2023, convocado pelo Papa, destacando a necessidade de uma escuta alargada.
“É uma atitude de bom-senso escutar aquilo que surge do povo de Deus, nesta primeira etapa de participação, nas suas dimensões negativas, positivas e propositivas, para o caminho a fazer nas etapas seguintes”, indica um comunicado enviado à Agência ECCLESIA, após o encontro mensal do organismo, que decorreu esta segunda-feira, em Fátima.
O Relatório da Igreja Católica em Portugal sobre o processo sinodal, divulgado no final de agosto, foi preparado por uma comissão formada pela CEP,
Segundo a nota divulgada hoje, este texto “faz parte do caminho sinodal em curso e procura reunir aquilo que foi reportado pelas Dioceses, a partir dos grupos por elas constituídos, bem como de outras instituições e movimentos”.
“Não é um tratado sobre a Igreja no seu todo nem um juízo sobre a Igreja em Portugal. Trata-se de um resumo de quanto surgiu nas etapas diocesanas para continuar o caminho de reflexão e transformação que temos por diante”, acrescenta o Conselho Permanente da CEP.
Os conteúdos do Relatório não foram inventados pela Comissão, mas encontram-se nos documentos das instâncias referidas. É importante ouvi-los, discerni-los, completá-los ou reformulá-los, mas não descartá-los”.
Os bispos portugueses assinalam a intenção de “refletir sobre este documento e outras achegas que foram chegando, em atitude de discernimento comum”, para “escutar a voz do Espírito e da Igreja em Portugal, tendo como objetivo a transformação pessoal e comunitária de atitudes, instituições e processos”.
“As dioceses devem continuar igualmente o seu discernimento nesta linha espiritual, fraterna, prática e de conversão”, pede a CEP.
O Conselho Permanente recorda os “critérios que presidem a todo o processo”: “Escuta da Palavra de Deus e oração pessoal e comum para nos abrirmos aos critérios do Espírito; abertura para escutar os irmãos e irmãs segundo a função que cada um/uma tem na Igreja”.
“Assim seremos guiados pelo Espírito para encontrar caminhos de comunhão, transformação e missão, em cada comunidade e diocese, abertos ao discernimento e orientação que deverá incluir necessariamente a Conferência Episcopal de cada país, as Conferências continentais e a Assembleia geral do Sínodo dos Bispos com representantes de toda a Igreja em outubro de 2023”, acrescenta o comunicado.
Após a divulgação do relatório, em que se pedia uma Igreja de “portas abertas” e mais “transparente”, surgiram críticas de alguns setores da comunidade católica, com a publicação de cartas abertas, uma dela subscrita por jovens, e um texto alternativo, proposto pelos padres Duarte da Cunha e Ricardo Figueiredo, do Patriarcado de Lisboa, que aborda os contributos diocesanos.
O percurso para a celebração do Sínodo está dividido em três fases, entre outubro de 2021 e outubro de 2023, passando por uma fase diocesana e outra continental, que dará vida a dois instrumentos de trabalho diferentes distintos, antes da fase definitiva, ao nível mundial.
A auscultação das Igrejas locais foi uma etapa inédita, desenhada pelo Papa Francisco; a fase diocesana decorreu até 15 de agosto de 2022.
Os relatórios nacionais vão dar origem, no Vaticano, ao Documento para a Etapa Continental do Sínodo –o ‘Instrumentum Laboris 1’ –, devendo ser publicado até final de outubro.
Na lista dos especialistas que vão integrar este trabalho encontra-se o padre Paulo Terroso, da Arquidiocese de Braga, membro da Comissão de Comunicação do Sínodo.
OC