Sínodo 2024: Participantes chamados a ouvir «crucificados dos poderes imperiais» contemporâneos (c/fotos)

Segundo dia de retiro projeta vigília penitencial, evocando vítimas de abusos e das guerras

Octávio Carmo, enviado da Agência ECCLESIA ao Vaticano

Cidade do Vaticano, 01 out 2024 (Ecclesia) – O padre Timothy Radcliffe, assistente espiritual da assembleia sinodal que decorre no Vaticano, disse hoje que os participantes devem ouvir os “crucificados” da atualidade, denunciando novos “poderes imperiais”.

“O imperialismo não acabou, e ainda procura impor seus valores aos outros”, advertiu o religioso dominicano, na reflexão que apresentou esta manhã na Sala do Sínodo.

Os participantes na nova sessão sinodal estão reunidos desde segunda-feira num retiro espiritual, apresentado como “um tempo de oração e de discernimento”, à imagem do que aconteceu na sessão de 2023.

O sacerdote realçou que Jesus foi “crucificado pelo maior poder imperial dos seus dias, uma morte reservada a escravos, com a intenção de humilhar”.

“Vamos ouvir com particular atenção aqueles que hoje são crucificados pelos poderes imperiais de nosso tempo”, apelou.

A segunda sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos começa com uma Missa presidida pelo Papa, às 09h30 (menos uma em Lisboa) de quarta-feira.

Em vésperas da abertura dos trabalhos, frei Timothy Radcliffe sublinhou que, mais do que a “oposição venenosa entre tradicionalistas e progressistas”, os trabalhos de 2023 mostraram a importância de a Igreja “abraçar todas as diversas culturas”.

“Nenhuma cultura poderia unir-nos: nem o latim, nem mesmo o tomismo”, sublinhou.

Reconheçamos que precisamos uns dos outros se quisermos ser católicos. As diversas culturas chegaram a esta Assembleia para oferecer cura umas às outras, desafiar os preconceitos uns dos outros e convocar-se reciprocamente para uma profunda compreensão do amor”.

Antes, na oração de Laudes, os participantes ouviram uma reflexão da madre Maria Ignazia Angelini, monja da Abadia de Viboldone (Itália), co-orientadora do retiro espiritual, sobre a importância do “silêncio”.

“O silêncio é talvez o elemento mais difícil de viver na vida espiritual, mesmo no caminho sinodal”, afirmou.

A religiosa desafiou os participantes a ouvir “o grito dos pobres e os gemidos da criação”, num momento de transformação da história.

As duas intervenções apontaram à a vigília penitencial que encerra o retiro, esta tarde, para evocar as vítimas da guerra e da exploração da natureza, os migrantes e povos indígenas, as vítimas de abusos, os pobres e os pecados “contra as mulheres, a família e a juventude”.

A Assembleia Sinodal, que decorre até 27 de outubro, com o tema “Por uma Igreja sinodal: participação, comunhão, missão”, começou com a auscultação de milhões de pessoas, pelas comunidades católicas, em 2021, numa iniciativa global lançada pelo Papa.

A 11 de outubro, no 62ª aniversário da abertura do Concílio Vaticano II, será organizada uma vigília ecuménica, pela Comunidade de Taizé.

Outra novidade acontece nos dias 9 e 16 de outubro, com a realização de fóruns teológico-pastorais sobre temas como o papel da autoridade do bispo numa Igreja sinodal e a relação entre Igreja-local e Igreja-universal.

A 21 de outubro os participantes param os trabalhos para novo momento de retiro espiritual, tendo em vista a elaboração do documento final do Sínodo 2021-2024.

O Sínodo dos Bispos pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo, a que se juntam peritos e outros convidados, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja.

OC

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