Sínodo 2024: Assembleia gerou noção da Igreja como «convergência» de pessoas e «plataforma» de escuta, aberta ao mundo – D. José Ornelas (c/vídeo)

Presidente da Conferência Episcopal valoriza «busca de caminhos comuns» para o futuro, que devem questionar as comunidades e instituições

 Octávio Carmo, enviado da Agência ECCLESIA ao Vaticano

Cidade do Vaticano, 27 out 2024 (Ecclesia) – O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) disse que a Assembleia Sinodal que se encerra hoje, no Vaticano, criou uma noção da Igreja como “convergência” de pessoas e “plataforma” de escuta, aberta ao mundo.

“A Igreja tem de ser uma convergência de pessoas, de vontades, de maneiras de fazer, mas aplicáveis em cada lugar, em cada cultura, em cada processo histórico”, referiu D. José Ornelas, em entrevista à Agência ECCLESIA.

O bispo de Leiria-Fátima, um dos dois delegados da CEP na XVI Assembleia Geral do Sínodo, destaca que os trabalhos abriram a “possibilidade de relacionamento novo para todos, no respeito, mas ao mesmo tempo na convergência de um projeto comum também para a humanidade”.

O responsável sublinha a importância de promover “relações”, na Igreja, de “criar um hub, uma plataforma” que leve todos os membros das comunidades católicas a “convergir para uma unidade de Igreja e numa mensagem para a humanidade”.

A assembleia sinodal, com o tema ‘Por uma Igreja sinodal: participação, comunhão, missão’, começou com a auscultação de milhões de pessoas, pelas comunidades católicas, em 2021; a primeira sessão da XVI Assembleia Geral do Sínodo decorreu em outubro de 2023.

Se a missão é procurar um mundo melhor, então temos de dialogar com as pessoas todas. E temos de não simplesmente dialogar como quem já sabe tudo, mas de quem vai à procura de respostas comuns, com todas as instituições da humanidade, para encontrarmos caminhos mais viáveis”.

Para D. José Ornelas, a ideia de “plataforma”, com várias convergências, pode ajuda a Igreja e a sociedade a “encontrar caminhos possíveis de solução dos problemas”.

“A alternativa é aquilo que vemos hoje, de violência, de guerra, de destruição, de coisas que são completamente impensáveis e que não têm futuro”, lamenta.

O presidente da CEP elogia a “experiência única” deste processo sinodal, que sublinhou a diversidade que compõe a Igreja e “ajudou a formar e a olhar para as coisas de um modo diferente”.

Para o entrevistado, a Assembleia convocada pelo Papa deixa “motivos de esperança”, com a sua “busca de caminhos comuns para a Igreja, aplicáveis à realidade de onde cada um vive”.

Para D. José Ornelas, um dos principais eixos de mudança passa por “estruturas de responsabilidade, de participação, de não concentração, como foi acontecendo ao longo dos tempos”.

Foto: Secretaria-Geral do Sínodo da Santa Se (Synod.va)

O responsável português considera necessário que “cada instituição da Igreja se ponha em causa perante isto” e promova a “integração de competências necessárias” para a sua missão.

“Devia ser assim na política, isto devia ser assim na busca de soluções de educação, na busca de problemas relacionados com a pobreza, com a miséria, com os imigrantes”, acrescenta.

O presidente da CEP acredita que o Sínodo “começa agora, após o percurso de reflexão e debate dos últimos três anos.

“Isso serviu para criar formas de fazer e de tratar as coisas, e vão ver isso em todo o lado, para criar modos de nos encontrarmos e buscarmos juntos, nas nossas diferenças, caminhos convergentes para o futuro da Igreja”, conclui.

O Sínodo dos Bispos, instituído por São Paulo VI em 1965, pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo, a que se juntam peritos e outros convidados, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja.

OC

Fora do documento final devem ficar os temas confiados aos dez grupos de estudo criados pelo Papa em fevereiro deste ano, após a primeira sessão sinodal, que envolvem os dicastérios da Cúria Romana, sob a coordenação da Secretaria-Geral do Sínodo.

Estes grupos vão funcionar até junho de 2025, debatendo um conjunto de questões doutrinárias, pastorais e éticas “controversas”, referidas no Relatório de Síntese da primeira sessão sinodal – desenvolvendo questões ligadas à pobreza, missão no ambiente digital, ministérios (incluindo a participação das mulheres na Igreja e a pesquisa sobre o acesso das mulheres ao diaconato), relações com as Igrejas Orientais, Vida Consagrada e movimentos eclesiais, formação dos sacerdotes, ministério dos bispos, papel dos núncios, ecumenismo e questões doutrinais, pastorais e éticas “controversas”.

A assembleia teve várias intervenções e momentos de debate sobre a admissão das mulheres ao ministério diaconal, particularmente junto do prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé, que insistiu na ideia de que a questão precisa de “amadurecimento.

D. José Ornelas integra o grupo de reflexão sobre a Vida Consagrada e movimentos eclesiais, explicando que até final de junho de 2025 devem “entregar o estudo básico, sugestões e temas que devem ser tidos em conta”.

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Agência ECCLESIA

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