Sacerdote da Arquidiocese de Braga, que integra Comissão da Comunicação do evento, destaca momento de «viragem» promovido pelo Papa
Braga, 17 dez 2021 (Ecclesia) – O padre Paulo Terroso, membro da Comissão da Comunicação do Sínodo, disse que o processo global convocado pelo Papa é “imparável” e representa um momento de “viragem” na vida da Igreja Católica.
“Este processo é imparável, de auscultação de pessoas e de as envolver”, refere o sacerdote da Arquidiocese de Braga, convidado da entrevista semanal conjunta Ecclesia/Renascença, publicada e emitida ao domingo.
O diretor de Comunicação da referida arquidiocese, administrador do ‘Diário do Minho’, admite “resistências” neste processo, que decorre a partir de hoje nas dioceses de todo o mundo, porque a Igreja vai ter de sair da “zona de conforto” e incluir quem está “nas margens”.
“Vai ser um período de grande transformação”, aponta.
O que está aqui em causa, de uma forma muito simples, é: ou queremos e vivemos numa Igreja clerical – que não é essa a Igreja que o Espírito de Deus quer – ou então uma Igreja sinodal, onde todos, leigos, padres e bispos, caminham em conjunto”.
O membro da Comissão da Comunicação considera que o mais difícil vai ser “implementar o processo”, considerando fundamental “ajudar a aprofundar o que vai ser dito, para que chegue às pessoas e se crie aqui um processo sério, no sentido espiritual, de reflexão”.
“Assumo-o com alegria, disponibilidade e espírito de serviço, num momento tão especial como este, que alguns qualificam, e bem, como o momento mais importante na história da Igreja, depois do Concílio Vaticano II (1962-1965)”, assinala.
Para o responsável, as pessoas devem compreender que “aquilo que vai acontecer não é um inquérito”, mas uma proposta de auscultação e mobilização de todos, incluindo “os que estão em processo de conversão, de luta até interior, que se sentem marginalizados”.
As dioceses portuguesas vão assinalar, a partir de domingo, a fase inicial de consulta e mobilização das comunidades católicas no processo sinodal convocado pelo Papa, que decorre até 2023.
A audição das Igrejas locais é uma etapa inédita, desenhada pelo Papa Francisco, que pediu a cada bispo que replicasse a celebração de abertura que decorreu no Vaticano, a 9 e 10 de outubro, com uma cerimónia diocesana.
“Foi dada liberdade às conferências episcopais e às igrejas locais para iniciarem este processo da forma que achassem mais conveniente”, indica o padre Paulo Terroso.
O sacerdote admite que as formas escolhidas para dar início ao Sínodo, tanto no Vaticano como em várias dioceses, não transmitem ainda a novidade do processo convocado pelo Papa.
“Se calhar é este modo que temos de ser Igreja que ainda não está em saída, com novas expressões, está ainda muito formatado”, refere.
Ângela Roque (Renascença) e Octávio Carmo (Ecclesia)
Sínodo: Dioceses inauguram fase inédita de consulta local, por decisão do Papa